Um pequeno despacho de um homem permitiu um grande salto para a igualdade. Na próxima quarta-feira faz 40 anos que Ramalho Eanes nomeou Maria de Lourdes Pintasilgo primeira-ministra de Portugal – mais precisamente, como se pode consultar no Diário da República, “primeiro-ministro” -, incumbindo-a de formar o terceiro e último governo de iniciativa presidencial que antecedeu a conquista do poder pela Aliança Democrática de Francisco Sá Carneiro e Diogo Freitas do Amaral nas eleições intercalares de 2 de dezembro de 1979.
A engenheira química tinha então 49 anos, a experiência de ter sido ministra dos Assuntos Sociais no segundo e terceiro governos provisórios e uma aura de católica de esquerda, tendo formado um executivo com figuras como Sousa Franco, Loureiro dos Santos e Costa Brás, que governou apenas 186 dias e teve uma produção legislativa tão impressionante quanto consecutivamente revogada pelos governos de centro-direita que se lhe seguiriam. Um Portugal mais conservador do que os ventos revolucionários deixavam adivinhar tornou-se então o segundo país europeu a ter uma primeira-ministra, com Eanes a seguir o exemplo do eleitorado do Reino Unido – habituado desde há décadas a ter Isabel II na chefia de Estado -, que entregara três meses antes as chaves do número 10 de Downing Street a Margaret Thatcher, de 53 anos, líder do Partido Conservador desde 1975.
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Artigo publicado na edição nº1999 de 26 de julho de 2019, do Jornal Económico.
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