Muitas são as lojas que têm uma página na Internet mas poucas são aquelas que têm sucesso. Ana Cravo e João Figueiredo – quem nos responde às perguntas – criaram o laboratório digital Minty Lab, para ajudarem as marcas no sector da moda a terem sucesso no mundo digital.
Com a pandemia da Covid-19 a afetar severamente a moda, dado que as lojas foram obrigadas a encerrar portas por duas vezes, o laboratório digital de Ana e João pretende acelerar a transformação digital deste sector, uma vez que as marcas foram forçadas a virarem-se para o digital. O Minty Lab tem como objetivo ajudar as marcas em todo o processo de digitalização e dar-lhes alguma robustez neste mercado, indo desde a conceção do site ao serviço pós-venda, passando pela adaptação da marca no meio.
Em pouco mais de um ano, o Minty Lab proporcionou um crescimento exponencial aos seus clientes que funcionavam há menos de um ano no meio digital, e um crescimento de 62% nas plataformas e sites que se encontram no digita há mais de um ano. Entre o portefólio do laboratório digital é possível encontrar marcas como a Rufel, Nobrand, Kaoâ Shop e Patachou.
Em que consiste o Minty Lab?
Em 2015, juntei o meu conhecimento sobre negócios à sabedoria e gosto pela moda da Ana para lançar a Minty Square – o nosso próprio marketplace que tem como objetivo ser a porta de entrada no mercado para designers portugueses e estrangeiros. Com base na experiência e lições que retirámos desta aprendizagem pessoal constante, lançámos a Minty Lab, um laboratório digital que visa ajudar as marcas a “fazer negócio” no digital com sucesso. Isto é, mais do que ter um site online, a Minty Lab apoia os seus clientes na transição para o digital num formato 360º e em toda a adaptação de processos necessários: desde a conceção do site, ao branding, à comercialização do produto, à logística, até ao serviço pós-venda.
Qual a importância do sector da moda estar presente no digital?
Tal como em todos os sectores, também no sector da moda o digital é fundamental para garantir o seu crescimento. Como o FOMO [Fear Of Missing Out] do digital despoletado pela pandemia e com o impedimento de abertura de lojas, é fundamental mais do que nunca que as marcas de moda estas estejam presentes no digital. Uma marca que hoje não esteja no online poderá não sobreviver à crise pandémica, já que se tornou num dos formatos preferenciais de compra dos portugueses, pela sua rapidez, eficiência, facilitismo e praticidade. No entanto, para conseguirem afirmar-se perante a concorrência e responder às necessidades do consumidor da atualidade, não basta “estar no digital”, há que “saber estar”.
Em 2021 não basta ter presença no online. Qual o segredo para as marcas fazerem negócio no digital?
O segredo para as marcas fazerem negócio no digital é estarem dispostas a apostar monetariamente neste canal, tanto quanto apostam no seu espaço físico. É recorrente algumas marcas pedirem-nos ajuda para fazerem a passagem para o digital, ou quererem melhorar os resultados que têm obtido, mas depois não estão dispostas a investir o que é necessário para chegarem ao nível ou objetivos que pretendem. Fazer negócio no online envolve a adaptação de uma série de processos que são bastante diferentes de uma loja física. Um website ou uma loja online é apenas a ponta do icebergue, há que desenvolver um modelo de logística e de entregas eficaz e eficiente, uma excelente experiência do cliente e uma comunicação de marca forte.
Como é que a Minty Lab propõe dar robustez aos negócios de moda inseridos no digital?
A equipa multidisciplinar da Minty Lab é a chave para dar robusteza às marcas, uma vez que através do nosso conhecimento e dos profissionais de diversas áreas que trabalham connosco, conseguimos reforçar a imagem e a presença das marcas no online, assim como melhorar o serviço que prestam ao cliente. Acreditamos que uma marca de sucesso é uma marca que promove um serviço de excelência aos seus consumidores em todo o processo (tomada de decisão, compra e pós-venda), e é com as ferramentas e sabedoria que detemos que pretendemos ajudar as marcas a destacar-se neste aspeto.
Qual o feedback das marcas depois da intervenção da Minty Lab?
As marcas têm-nos dado um feedback bastante positivo e nesse aspeto os resultados que temos alcançado falam por si. Conseguimos que os nossos clientes obtivessem um crescimento na ordem dos 100%, quando as marcas estão presentes no online há menos de um ano, e cerca de 62% nas plataformas ou sites dos clientes que estão no digital há mais de um ano.
Qual o balanço da Minty desde a sua criação em 2015?
O balanço é bastante positivo. No que diz respeito à Minty Square é um projeto que fará em breve seis anos, pelo que passámos por diversos momentos desde a sua criação. Apesar de 2020 ter sido bastante desafiante para nós, a verdade é que a marca já é reconhecida e relevante no mercado nacional e internacional, devido a ser uma montra viva importante para o estilismo português. Por sua vez, o facto de termos conseguido desenvolver o nosso know-how e apostar na Minty Lab foi também uma grande conquista.
Quais os planos para a Minty em 2021?
Em 2021 pretendemos aumentar a aposta na Minty Square, através da criação de um novo modelo de monetização com as nossas marcas. O nosso objetivo é reafirmá-la e aumentar a colaboração das marcas e do mercado nacional na nossa plataforma. Aquando concluído este objetivo pretendemos aumentar a nossa atividade em países europeus onde já estamos presentes: Alemanha, Espanha e Inglaterra. No que diz respeito à Minty Lab, o objetivo será sobretudo crescer em clientes, não só dentro da área da moda, mas também chegar a novos sectores, bem como trabalhar a nossa reputação como especialistas em fazer negócio no digital com sucesso.
A transição digital da moda passa efetivamente pelo e-commerce?
Sim, tendo em conta as alterações no mercado e a forma como a pandemia afetou a economia e o comércio, as marcas perceberam que o presente e futuro da venda dos seus produtos passará pelo digital. Desta forma, tentaram fazer essa transição com a criação de plataformas ou mecanismos de venda que lhes permitissem vender no online. Contudo, o investimento que fazem para conseguir ter sucesso no e-commerce ainda é muito reduzido e isso faz com que por mais que aceitem, não consigam fazer uma transição correta ou vender tanto quanto desejavam.
Está a ser mais fácil para as marcas portuguesas no sector da moda competirem com as empresas de fast fashion?
As empresas de fast fashion já têm uma presença online bastante vincada e todo o processo de venda automatizado, uma vez, que já fizeram a transição para o digital há alguns anos. Grande parte das marcas portuguesas no setor da moda ainda está a fazer esta transição e a construir o seu modelo de negócio no online, no entanto, com o investimento e as ferramentas certas, terão capacidade para crescer e assumir força no mercado. A verdade é que o próprio comportamento do consumidor está a mudar, na medida em que começa a valorizar slow fashion (moda sustentável, artesanal) em detrimento da fast fashion. Isto abre uma oportunidade gigantesca para as marcas crescerem no online.
Portugal está preparado para apostar a 100% na transição digital das marcas?
Em comparação com outros países europeus, infelizmente, a nosso ver, Portugal não está ainda preparado para esta transição digital, ou, totalmente recetivo para esta aposta. Ainda existem muitas marcas que privilegiam o investimento no offline ou que acham que basta criar um site para conseguirem estar presente no online e é isso que tentamos combater. Pretendemos preparar e trabalhar as marcas nos diversos processos e etapas da transição para o digital para que as possamos potencializar em diferentes mercados. Esta é a mentalidade que queremos promover em Portugal e que já impera em países como França e Alemanha.
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