Portugal regressa aos mercados esta quarta-feira para se financiar até 1.250 milhões de euros com uma emissão de dívida a longo prazo, num cenário de renovação sucessiva de mínimos históricos nas taxas de juros e quando a yield a 10 anos no mercado secundário está pouco acima dos 0%.
O IGCP – Agência de Gestão de Tesouraria e Dívida Pública vai realizar um leilão duplo de Obrigações do Tesouro (OT) a 10 e 15 anos, com um montante indicativo global entre mil milhões de euros e 1.250 milhões.
Para Pedro Amorim, analista da corretora Infinox, a tendência de novos mínimos nas taxas deverá manter-se. “[Os juros a 10 anos deverão ser] mais de metade da taxa de juro na emissão em junho deste ano. A taxa de emissão deve rondar os 0,257%”, disse.
No último leilão comparável de OT a 10 anos, a 10 de julho, a agência liderada por Cristina Casalinho emitiu 753 milhões de euros, com uma taxa de alocação de 0,51%. Já no último de OT a 15 anos, a 12 de junho, Portugal emitiu 625 milhões de euros com uma taxa de alocação de 1,052%, tendo a procura superado a oferta em 1,63 vezes.
No mercado secundário, a dívida portuguesa tem beneficiado da expectativa de novos estímulos do Banco Central Europeu (BCE), com a yield a 10 anos a tocar num novo mínimo histórico de 0,09% a 28 de agosto.
Dois dias depois, o ministro das Finanças sinalizou que os juros da dívida portuguesa a 10 anos tornaram-se mais baixos que os de Espanha durante a sessão. “É um indicador extraordinário e que temos de conseguir manter. É um indicador de credibilidade e da sustentabilidade de todo o processo económico e financeiro português”, referiu Mário Centeno, em entrevista à RTP.
Esta taxa da dívida benchmark tem subido este mês, no entanto, com vários atuais e ex-membros do Conselho de Governadores do BCE a sinalizarem que não é garantido que Mario Draghi lance esta quinta-feira um ‘pacote’ completo de estímulos que inclua um corte na taxa de depósito, o reiniciar do programa de compra líquida de ativos e medidas de mitigação para os bancos. Esta terça-feira, às 16h30 os juros da dívida a 10 anos negociavam nos 0,281%, enquanto os equivalentes de Espanha estavam nos 0,261%.
“Entramos numa altura que a diferença entre taxas é mínima e os bancos vão preferir entrar em países com melhor ‘rating’ para ter mais flexibilidade nos rácios de capital”, explicou Pedro Amorim, da Infinox. A agência de notação financeira Standard & Poor’s deverá esta sexta-feira divulgar uma avaliação do ‘rating‘ da dívida soberana portuguesa.
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