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“Fraqueza da indústria está a espalhar-se”. Alemanha ainda enfrenta o ‘fantasma’ da recessão

O instituto IFO, de Munique, afirma que a economia alemã continua a desacelerar e enfrenta grandes desafios imediatos. O problema é que os maiores deles não estão nas suas mãos.
Hamburgo (Alemanha)
12 Setembro 2019, 19h29

O Instituto alemão IFO, especializado em análise e pesquisa económica, reduziu as suas previsões de crescimento económico para a Alemanha para este ano e para o próximo ano: em vez de um crescimento de 0,6%, o instituto espera agora apenas 0,5% de crescimento para 2019. “A economia alemã corre o risco de cair em recessão. Como uma mancha de petróleo, a fraqueza da indústria está a espalhar-se gradualmente para outros setores da economia, como a logística, um dos setores prestadores de serviços mais importantes”, diz Timo Wollmershaeuser, chefe de previsões da IFO.

“Essa perspectiva está associada a altas incertezas. Por exemplo, estamos a assumir que não haverá um Brexit difícil ou uma escalada da guerra comercial dos EUA”, dois fatores de assinalável volatilidade que, se acontecerem – como é previsível – poderão cortar ainda mais as previsões num futuro próximo.

A economia alemã contraiu no segundo trimestre em 0,1% e o IFO antecipa outro declínio de 0,1% no terceiro trimestre. “Tecnicamente falando, isso seria uma recessão”, diz Wollmershaeuser. Uma leve recuperação no quarto trimestre, somada ao forte aumento de 0,4% alcançado no primeiro trimestre, deve resultar em um crescimento de 0,5% no ano como um todo.

“Essa desaceleração foi desencadeada por uma série de eventos políticos mundiais que colocam em questão uma ordem económica global que cresceu ao longo de décadas”, diz Wollmershaeuser.

As perspectivas para o próximo ano também se tornaram mais sombrias: até agora, o Instituto esperava um crescimento de 1,7% para 2020, mas agora as previsões para apenas 1,2%. Entretanto, os analistas estimam agora que em 2021 o crescimento alemão possa atingir os 1,4%.

“Entretanto, a debilidade da economia deixou a sua marca no mercado de trabalho”, acrescenta Wollmershaeuser. O emprego na indústria caiu desde a primavera e o desemprego aumentou pelo quarto mês consecutivo; o número de empresas que relataram trabalho de curta duração aumentou significativamente.

Para 2020, o Instituto espera que os números de desemprego subam para 2.313 milhões, contra os 2.275 milhões este ano. No entanto, o número de pessoas empregadas continuará a aumentar lentamente, passando de 45,2 milhões este ano para 45,4 milhões em 2020 e para 45,5 milhões em 2021.

O sustentáculo da economia vem do forte crescimento da massa monetária disponível nas famílias, resultado de grandes aumentos de salários e de uma expansão dos pagamentos por transferências estatais.Mas.diz o IFO, o superavit financeiro do governo alemão desmoronará de 45,8 mil  milhões de euros este ano para 23,1 mil milhões no próximo ano, caindo para 18,6 mil milhões em 2021.

Nesse mesmo período, o superavit em conta corrente passará de 245 mil milhões de euros para 258 mil milhões, antes de atingir 265 mil milhões em 2021. Estes números representam 7,1% da produção económica este ano, 7,3% no próximo ano e 7,2% em 2021.

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