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Santander Totta contribuiu em 2020 com 338 milhões para resultado global do grupo, menos 36% face a 2019

O grupo espanhol Santander reportou um prejuízo de 8,771 mil milhões de euros devido às provisões feitas devido à pandemia da Covid-19.
3 Fevereiro 2021, 10h10

O grupo espanhol Santander reportou um prejuízo de 8,771 mil milhões de euros à custa das provisões que teve de constituir para enfrentar a pandemia. Os analistas estimavam perdas de 8,5 mil milhões.

O resultado negativo do grupo bancário espanhol Santander em 2020 contrasta com o lucro de 6,515 mil milhões de euros em 2019.

O Santander Totta contribuiu em 2020 com 338 milhões de euros para resultado global do grupo espanhol, menos 36% do que em 2019, devido à pandemia de Covid-19.

Na informação que enviou hoje à Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV) espanhola, em Madrid, e citada pela Lusa, o grupo Santander explica que o “lucro ordinário atribuível” da filial portuguesa caiu 36% em relação ao ano anterior, devido ao impacto da crise provocada pela pandemia nas receitas e provisões, o que foi apenas “parcialmente compensado” por custos mais baixos.

O dono do Santander Totta assegura que “reforçou” a sua posição de liderança no mercado português, sendo o maior banco em crédito e adiantamentos a clientes na atividade doméstica, com quotas de produção de 18% em empréstimos a empresas e 25% em crédito hipotecário.

As receitas totais do banco português diminuíram 6%, devido ao impacto da pandemia na margem (taxas de juro mais baixas) e comissões (volumes mais baixos e a suspensão de comissões sobre pagamentos eletrónicos e sobre os créditos de moratórias).

As despesas de funcionamento em Portugal diminuíram 5%, graças ao processo de transformação em curso, o que faz com que o rácio de eficiência seja cerca de 46%.

Houve um aumento das dotações, devido à constituição de provisões para os possíveis impactos futuros da pandemia de covid-19, que fizeram com que o custo do crédito subisse para 0,51% em Portugal. Por outro lado, o rácio de crédito malparado caiu para 3,89%.

Na informação que enviou hoje ao mercado, o dono do português Santander Totta sublinha que o resultado negativo do Grupo espanhol foi alcançado depois de aumentar as provisões para enfrentar a crise de Covid-19 e de contabilizar uma diminuição de 12.173 milhões de euros no valor das suas filiais no Reino Unido, nos Estados Unidos e na Polónia.

Além disso, a instituição constituiu outra provisão de 1.146 milhões contra as contas deste ano para financiar o ERE (registo da regulação de emprego) que lançou em Espanha e que afetará 3.572 funcionários, bem como os ajustes que planeia fazer noutras subsidiárias europeias, como os Estados Unidos Reino, Alemanha, Polónia e Santander Consumer Finance, com a meta de economizar mil milhões por ano em custos.

No total, o grupo provisionou 13.852 milhões de euros este ano.

Excluindo estes ajustamentos contabilísticos, o resultado líquido recorrente foi de 5.081 milhões em 2020, menos 38% do que no ano anterior, em linha com o objetivo fixado em outubro pela presidente do grupo, Ana Botín.

Os mercados do banco na Europa contribuíram com 37% para o lucro recorrente em 2020, enquanto que a América do Sul contribuiu com 42% e a América do Norte com 21%.

Na Europa, o lucro recorrente foi de 2.656 milhões de euros, menos 45% do que em 2019, devido a provisões feitas para enfrentar a pandemia mais elevadas do que o previsto inicialmente e ao ambiente económico difícil.

As perdas do banco têm tido forte impacto na rentabilidade dos capitais próprios (ROE) do grupo, que fechou o ano em terreno negativo, situando-se em -9,8%.

A solvabilidade do Grupo Santander medida pelo rácio de capital core (CET1), subiu para 12,34% acima do objectivo fixado.

O rácio de eficiência que mede os custos sobre os proveitos mantém-se nos 47%.

Em termos de imparidades para crédito o banco vou degradar o custo do risco de crédito em 28 pontos base para 1,28%.

“Os resultados de 2020 refletem a resiliência e a força do modelo e da estratégia empresarial do Santander. O resultado antes de provisões está em linha com o de 2019 em euros constantes e entregamos lucros ordinários de mais de 5.000 milhões de euros num ambiente muito desafiante”, disse Ana Botín num comunicado de imprensa.

As receitas dos clientes do Santander foram de 42.009 milhões de euros, em linha com as de 2019 em euros (excluindo o impacto das taxas de câmbio).

O grupo explica que isto foi possível graças ao crescimento na América do Sul, na banca de empresas e de investimento e aos “sólidos resultados” na América do Norte.

O número de clientes “permaneceu sólido” em todas as regiões: os empréstimos aumentaram 5% e os depósitos à ordem 14% em euros constantes, graças ao crescimento dos clientes com vínculos sólidos, para 22,8 milhões (+6%).

As receitas do grupo diminuíram no conjunto do ano de 2020. A margem financeira situou-se em 31.994 milhões de euros, menos 9% que no ano anterior. As comissões foram de 10.015 milhões, 15% menos, enquanto a margem bruta foi de 44.279 milhões, 10% menos que em 2019. No entanto, o banco cortou as despesas operacionais em 10%, para 44,6 mil milhões.

Segundo o banco a diversificação geográfica e empresarial do grupo deu aos resultados “uma grande capacidade de resiliência”, num ano marcado pela pandemia de Covid-19.

As empresas globais, Santander Corporate & Investment Banking (Santander CIB) e Wealth Management & Insurance, “tiveram um desempenho muito bom”.

O Santander continua empenhado em manter os seus objetivos de médio prazo, definidos no plano estratégico apresentado em abril de 2019, no que diz respeito ao dividendo.

O grupo bancário indicou esta quarta-feira na apresentação dos resultados de 2020 que a administração pretende recuperar a médio prazo o pay-out dividend de entre 40% e 50% do lucro recorrente. “Em relação à remuneração a cargo dos resultados de 2021, a intenção é voltar a pagar dividendos quando as recomendações do Banco Central Europeu (BCE) o permitirem, em linha com o que foi anunciado em abril de 2020”, destaca o grupo.

No que diz respeito ao dividendo correspondente a 2020, o Santander pretende pagar 2,75 cêntimos em dinheiro por ação, visto ser este o montante máximo permitido, de acordo com o limite estabelecido em dezembro pelo BCE.

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