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Debate a seis aquece na legislação laboral e na saúde

Líderes da “geringonça” permaneceram unidos perante ataques de Assunção Cristas, mas debate na RTP mostrou também divergências à esquerda quanto à legislação laboral. PSD criticou excesso de entusiasmo do Governo com números do PIB.
23 Setembro 2019, 23h02

No segundo debate entre os seis líderes dos partidos com representação parlamentar, esta segunda-feira na RTP, a discussão ficou marcada por alguns momentos de maior tensão quando foi abordada a evolução da legislação laboral e do Serviço Nacional de Saúde na legislatura que agora chega ao fim. António Costa (PS) não escapou a críticas do Bloco e do PCP, mas foi no embate entre os três partidos da ‘geringonça’ e Assunção Cristas (CDS-PP) que o tom ficou mais crispado.

Assunção Cristas arrancou o debate e começou ao ataque. “Durante quatro anos, Governo sacrificou um tempo extraordinariamente bom em termos de conjuntura externa para ter estabilidade aparente, que na prática significou um adiamento do país”, disse a líder do CDS-PP. Referindo-se mais tarde à oposição meramente “académica” que o BE e o PCP fazem ao PS, ao aprovarem os Orçamentos do Estado e Programas de Estabilidade, a líder do CDS deu como exemplo o “caos da saúde com um governo de esquerda apoiado pelas esquerdas mais radicais”.

A crítica mereceu resposta por parte dos visados. Catarina Martins afirmou que “estes quatro anos foram importantes” para a recuperação de direitos e rendimentos dos portugueses, lembrando a reposição dos quatro feriados abolidos durante o programa da troika, os aumentos do salário mínimo, o descongelamento de pensões, entre outras medidas. “Segurámos os serviços públicos, face aos cortes que a direita fez”, disse.

António Costa refutou também a argumentação centrista sobre o estado da saúde. “Além de um maior número de funcionários há mais 700 mil consultas por ano. Acha que um ano em que a produção sobe 700 mil é pior do que um ano em que há menos 700 mil consultas?”.

A discussão também foi mais acesa quando se abordou a legislação laboral, e neste tema António Costa foi também alvo de críticas à esquerda. Jerónimo de Sousa admitiu que existem “divergências profundas” com o PS quanto às matérias laborais. “A aprovação da legislaçlão laboral constitui um rude golpe quanto à segurança no emprego, com abuso dos vinculos precários e alargamento do período exterimental”.

Mas o líder do PCP criticou também a líder do CDS, que havia defendido os méritos da legislação laboral aprovada durante o Governo de coligação PSD/CDS . “Não venha com essa coisa espatafúrdia de que as leis da troika é que permitiram o crescimento”, disse, frisando que foi “o reforço dos direitos e rendimentos dos trabalhadores” que fez com que a economia ganhasse dinamismo.

Catarina Martins criticou também a nova legislação laboral promovida pelo PS, por alargar o período experimental, e o líder do PAN mostrou também divergências quanto ao caminho seguido em termos de proteção do trabalho, nomeadamente nas condições de trabalho de quem trabalha por turnos e em horários nocturos. “Estas pessoas têm condições de stress acrescidas e tem de ter outro tipo de olhar por parte do Estado”, afirmou André Silva.

O líder do PSD, Rui Rio, foi mais contundente quando se abordaram as questões de política económica. Num dia em que o Governo veio a público congratular-se pelo facto de o INE ter revisto em alta a taxa de crescimento do PIB desde 2016, devido a mudanças metodológicas, o social-democrata criticou o excesso de optimismo dos socialistas: “As pessoas deviam agora estar contentes por um crescimento que já aconteceu há dois anos?”, questionou, lembrando outros indicadores mais preocupantes divulgados pelo INE: “Grande parte do investimento é construção civil. Foi assim que no início do milénio perdemos competitividade. Temos de apostar na produção de bens transacionáveis”.

Os números do INE, de resto, motivaram a já habitual clivagem entre a direita e esquerda quanto à carga fiscal, com PSD e CDS-PP a acusar o Governo de aumentar impostos, com a António Costa a contra-argumentar que a receita está a subir sobretudo graças a mais contribuições para a Segurança Social, graças à subida do emprego.

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