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Ponte entre África e Itália custaria até 150 mil milhões de euros

“África precisa da Europa e a Europa precisa de África. A ideia é viável porque a Europa é ainda o centro e já não tem possibilidades de crescimento, com África tem”, salientou Enzo Siviero, engenheiro italiano que participou na Cimeira de Engenharia Civil.
Cristina Bernardo
25 Setembro 2019, 17h03

A ideia é ligar África à Europa por uma ponte que passaria por Itália. O projeto é no mínimo ambicioso, mas os dois engenheiros italianos da Associação de Engenharia dos Países do Mediterrâneo (da sigla inglesa, EAMC) que o apresentaram mostraram-se “otimistas” e que faz sentido.

“A população do continente africano vai duplicar, além de ser um continente rico”, disse Nicola Monda, secretário-geral da EAMC. “Por isso, o futuro já não está na Ásia, mas sim em África. É aí que está o futuro do mercado”, disse Nicola Monda à plateia que assistiu ao painel sobre transportes e comunicações, no âmbito da Lisbon CES – Civil Engineering Summit, organizada pela Ordem dos Engenheiros e do qual o Jornal Económico é media partner e patrocinador oficial

“África precisa da Europa e a Europa precisa de África. A ideia é viável porque a Europa é ainda o centro e já não tem possibilidades de crescimento, com África tem”, salientou Enzo Siviero, engenheiro da EAMC.

A ligação entre os dois continentes far-se-ia de Tunis, na Tunísia, passando pela Sicília, no sul de Itália, e ligação prosseguiria pelo Adriático, em direção à Eslovénia.

“Como sou engenheiro fiz cálculo aproximado dos custos deste projeto e rondam entre os cem mil milhões e os 150 mil milhões de euros e demoraria dez anos a construir”, revelou Enzo Siviero.

Questionado sobre a origem do financiamento para construir esta ponte intercontinental, Enzo Siviero explicou que 20% dos custos poderiam ser suportados em diversos pontos, sem esquecer os preços das portagens ao longo da ponte.

Para não esmorecer face à dimensão do projeto, o engenheiro da EAMC aludiu à necessidade de se manter “a mente aberta” e à capacidade de visão ao longo do tempo. A construção da ponte é “um projeto sustentável no longo-prazo se pensarmos numa distância temporal de 50 anos”, explicou o engenheiro.

Para ilustrar falou um pouco da sua experiência de vida. “Eu nasci em janeiro de 1945 no norte de Itália e estava tudo destruído”, disse.

Em termos ambientais, Siviero defendeu que no futuro a hipótese mais sustentável seriam os caminhos-de-ferro para a transportação. “Comparando com o transporte marítimo, os caminhos-de-ferro são mais sustentáveis porque o transporte por mar é muito poluente e tem um custo ambiental muito grande”.

Expansão para sul, até Cape Town, e para leste, até Pequim

Mas a grandiosidade do projeto não começa em Tunis, nem acaba na Eslovénia – vai mais além. “Essa é o primeiro projeto, depois há um outro” que se poderia ligar, por exemplo, com rota da seda chinesa, disse Enzo Siviero.

A ideia seria ligar os diferentes projetos de infraestrutura para criar uma ligação desde a Cidade do Cabo, na África do Sul, até Pequim, a capital chinesa.

“Primeiro liga-se a África com a Europa, e depois a Europa com a Ásia e a Ásia com África”, explicou Enzo Siviero.

“Os meus colegas disseram-se que já se está a trabalhar [no primeiro projeto] e que 10% está feito”, explicou o engenheiro da EAMC.

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