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EUA restringem emissão de vistos a funcionários ligados às detenções extrajudiciais de muçulmanos na China

“Os Estados Unidos pedem à República Popular da China que termine imediatamente a sua campanha repressiva em Xinjiang”, afirmou o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo.
9 Outubro 2019, 07h55

Os Estados Unidos vão restringir a emissão de vistos a funcionários chineses ligados às detenções extrajudiciais de muçulmanos na China, numa nova fonte de tensão entre os dois países, quando se preparam para retomar as negociações comerciais.

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, acusou a China de executar uma “campanha altamente repressiva” contra os uigures e outros grupos minoritários de origem muçulmana na região de Xinjiang, extremo oeste do país, incluindo detenções em massa, vigilância com recurso a alta tecnologia e “controlo draconiano” sobre a expressão cultural e religiosa.

“Os EUA pedem à República Popular da China que termine imediatamente a sua campanha repressiva em Xinjiang, liberte todos os que foram detidos arbitrariamente e acabe com os esforços para coagir membros de grupos minoritários muçulmanos chineses a residir no exterior a voltar à China para enfrentarem um destino incerto”, afirmou Pompeo, em comunicado.

A embaixada chinesa em Washington respondeu numa série de mensagens, através da rede social Twitter, em que acusou os EUA de interferirem nos assuntos internos da China, recorrendo a “pretextos inventados”, numa violação grave das “normas básicas que governam as relações internacionais”.

A medida surge um dia depois de o Governo de Donald Trump ter restringido os negócios com várias firmas chinesas que estão alegadamente associadas à repressão em Xinjiang, e na véspera de representantes chineses e norte-americanos se reunirem em Washington, visando pôr fim à guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

Desde a ascensão ao poder de Trump, os Estados Unidos passaram a designar a China como a sua “principal ameaça”, apostando numa estratégia de contenção, que resultou já numa guerra comercial e numa campanha diplomática contra abusos dos direitos humanos no país asiático.

Pompeo afirmou que as medidas vão punir funcionários do Partido Comunista Chinês “que se acredita serem responsáveis ou cúmplices na detenção” em massa de uigures em Xinjiang.

A decisão não implica que os vistos sejam automaticamente rejeitados, mas antes “maior escrutínio”.

Organizações não-governamentais estimam que a China mantém detidos cerca de um milhão de uigures e cazaques, em campos de doutrinação política.

Antigos detidos relataram maus tratos e violência, e afirmam terem sido forçados a criticar o islão e a sua própria cultura, e a jurar lealdade ao Partido Comunista.

Depois de, inicialmente, negar a existência dos campos, Pequim diz agora que se tratam de centros de “formação vocacional”, destinados a treinar uigures, como parte de um plano para trazer a minoria étnica para o mundo “moderno e civilizado”, e eliminar a pobreza no Xinjiang.

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