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“Não há justificação”. Governo francês ameaça dizer ‘non’ ao adiamento do Brexit

O próximo obstáculo de Boris Johson poderá ser o Governo francês que já ameaçou vetar um novo pedido de extensão do processo de saída. Aos jornalistas, o ministro dos negócios estrangeiros argumenta que não há justificação e urge os deputados britânicos a chegarem a um consenso.
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23 Outubro 2019, 16h44

O pedido de adiamento do Brexit pode vir a ser recusado a mandado do governo francês. Numa reunião, que decorreu esta manhã com o líder da oposição Jeremy Corbyn, Boris Johnson anunciou que Emmanuel Macron vai vetar o pedido nos próximos dias, forçando a saída do Reino Unido do bloco europeu, sem um consenso sobre o acordo, avança a Bloomberg, esta quarta-feira.

Caso os 27 não concordem em adiar a saída do Reino Unido até 31 de janeiro de 2020, o Reino Unido terá que abandonar o grupo no final do mês. O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, deixou claro ontem, depois do resultado das votações, que iria aconselhar os restantes Estados-membros a aprovar o pedido de adiamento. As negociações sobre a legislação do Brexit estão atualmente “suspensas”, a pedido do próprio Boris Johnson.

Jean-Yves Le Drian, ministro dos negócios estrangeiros francês já reagiu ao novo pedido e afirmou que não apoia um adiamento do processo de divórcio. “A questão principal que deve ser feita aos britânicos que precisam de nos dizer o quanto antes se [sobre o acordo] é ‘sim’ ou ‘não’ porque está certo quando diz que estamos à espera de uma decisão há três anos”, comentou.

“Nesta fase, consideramos que não há justificação para uma nova extensão”, rematou em declarações aos jornalista.

O governo francês adotou uma postura rígida relativamente à saída do Reino Unido. No inicio desta semana, Macron considerou vetar uma extensão do acordo. “Não estou a tentar ler o futuro, mas acho que não devemos conceder um novo atraso”, afirmou. “Acho que está na hora de por um fim às negociações e trabalhar no futuro desta relação”.

A reunião entre o primeiro-ministro britânico e o líder da oposição, esta manhã, foi inconclusiva e não permitiu acertar um calendário para a discussão e votação da legislação complementar ao acordo de saída que foi colocada em suspenso, ontem à noite.

Sobre a reunião, um porta-voz dos Trabalhista afirmou que Jeremy Corbyn reiterou a disponibilidade do partido para “acordar um calendário razoável para debater, escrutinar e emendar a proposta de lei sobre o acordo de saída”, cita o The Guardian, as declarações acrescentando ainda que os deputados da oposição apoiam a realização de eleições antecipadas logo que “a ameaça de uma saída sem acordo e caótica seja retirada de cima da mesa”.

Do lado do governo britânico, fontes também citadas pelo Guardian notaram que Jeremy Corbyn continuou sem apresentar qualquer solução alternativa ao plano de Downing Street para concretizar o Brexit que não passe “por mais adiamentos e por passar 2020 a fazer referendos”. Os trabalhistas têm vindo a defender a realização de nova consulta popular, a qual deveria colocar em contraposição a saída da União Europeia com base no acordo de Boris Johnson e a permanência.

Na sessão parlamentar de ontem à noite, os deputados chumbaram o apertado calendário de três dias para aprovar toda a legislação de modo a consumar o Brexit a 31 de outubro. Face a este bloqueio, o primeiro-ministro decidiu “suspender” o pacote legislativo, ficando assim a aguardar pela decisão da UE sobre o pedido de adiamento da saída até 31 de janeiro submetido por Londres no passado sábado.

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