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Exploração de lítio pode ameaçar Douro Vinhateiro, alerta consultora da UNESCO

O Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) Portugal sustenta que os projetos de exploração de lítio previstos para a região “constituem uma agressão”.
8 Novembro 2019, 10h22

Depois da Direcção-Geral da Energia e Geologia (DGEG) lançar uma fase de atribuição de direitos de prospeção e pesquisa de depósitos minerais, como ouro, prata, chumbo, zinco, cobre, lítio, tungsténio, estanho, numa área superior a 500 quilómetros quadros, que abrange sete concelhos, a consultora da UNESCO em Portugal veio lançar uma alerta sobre os riscos para esta região da exploração de minério.

Com uma área de 24.600 hectares, a zona do Douro Vinhateiro é protegida num total de 21 concelhos, e tem diferentes proprietários como entidades públicas e a administração pública, entidades privadas e coletivas, cooperativas e individuais, que representam os viticultores existentes na região.

O Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) Portugal, consultora da UNESCO, sustenta que os projetos de exploração de lítio previstos para a região “constituem uma agressão ao bem acarretando uma modificação irreversível dos valores paisagísticos e culturais em presença”, sendo que a execução do projeto “significa uma alteração permanente da paisagem, já que são necessários trabalhos que implicam perdas do coberto vegetal”, avança o jornal Público esta sexta-feira, 8 de novembro.

Por outro lado, e com a exploração de lítio nesta região vinícola, é implicada “a proibição da cultura da vinha, cujos processos de mobilização do solo são incompatíveis com o equipamento a instalar”.

Desta forma, o ICOMOS Portugal recomenda “a abertura de uma audiência pública urgente a toda a população que diretamente tem interesse nas ações de salvaguarda, conservação e valorização” da região em questão.

A Liga dos Amigos do Douro Património Mundial (LADPM) também veio a público criticar os projetos previstos para esta região. Estes pedidos de prospeção foram colocados pela empresa australiana Fortescue, que pedia para analisar as 21 áreas de exploração, entre as quais se situa o Alto Douro Vinhateiro, classificado como Património Mundial, e ainda se encontram sem resposta.

A localização da exploração no Alto Douro Vinhateiro está em risco, segundo a LADPM, uma vez que se “encontra inscrita na lista dos Bens Património Mundial desde 14 de dezembro de 2001, na categoria de paisagem cultural, evolutiva e viva”. A LADPM sustenta que com a produção de vinho no local há cerca de dois mil euros e a paisagem moldada pelas atividades humanas fazem com que a zona “forneça um testemunho excepcional de uma tradição cultural viva”.

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