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Rui Vilar sobre o plano estratégico da CGD: “Cumprimos a missão”

O ano de 2020 é o último exercício da responsabilidade do Conselho de Administração e é também o ano de fecho do Plano Estratégico que foi aprovado pelas autoridades europeias em março de 2017 e que fixou um conjunto de condições a cumprir pelo banco, para que a recapitalização não fosse considerada ajuda de Estado. 
11 Fevereiro 2021, 19h52

No último ano do atual Conselho de Administração, o presidente não executivo, Rui Vilar, fez a introdução aos resultados anuais da Caixa Geral de Depósitos. “No meu tempo de vida, e eu ainda me lembro da segunda guerra mundial, assisti a várias crises mas nunca a uma tão profunda como esta, com uma brutal queda do PIB e com tão severas consequências”, disse Rui Vilar.

O ano de 2020 é o último exercício da responsabilidade do Conselho de Administração e é também o ano de fecho do Plano Estratégico que foi aprovado pelas autoridades europeias em março de 2017 e que fixou um conjunto de condições a cumprir pelo banco, para que a recapitalização não fosse considerada ajuda de Estado.

Rui Vilar destacou a adaptação da CGD aos constrangimentos da pandemia em 2020, no seu discurso de introdução à conferência de imprensa de apresentação dos resultados anuais de 492 milhões de euros, que se traduz numa rentabilidade dos capitais próprios de 6,1% graças à constituição defensiva de imparidades e provisões no montante de 309 milhões.

O ainda Chairman da CGD falou ainda da melhoria da qualidade dos ativos, com o rácio de NPL- Non Performing Loans a cair 3,9% e da redução dos custos operacionais de 8% face a 2019. Falou ainda da “solidez reforçada” expressa no rácio de CET1 e no rácio de capital total, de 18,3% e 20,9% respetivamente.

Ressalvando que a avaliação final do Plano Estratégico 2017-2020 caberá à Direção Geral da Concorrência europeia, Rui Vilar lembra que o banco atingiu “os objetivos essenciais”.

“Podemos afirmar que cumprimos a missão”, disse o Chairman da CGD.

O Plano Estratégico tinha metas financeiras, o redimensionamento físico e humano e a redução da presença internacional do Grupo Caixa.

Nas metas financeiras “ultrapassamos os objetivos do risco, nos rácios de NPL e na solidez, mas ficamos um pouco aquém na rentabilidade e no cost-to-income”, disse Rui Vilar.

A Caixa falhou na meta da rentabilidade (ROE acima de 9%), visto que fecha 2020 com um ROE de 6,1%, devido ao reforço de provisões e imparidades e falhou a meta de ter em 2020 um cost-to-income corrente abaixo de 43%. Já que teve um rácio de eficiência de 49,8% em 2020.

A CGD cumpriu a meta do redimensionamento físico e humano, “ao encerrar 134 agências e reduzindo 2.285 o número dos colaboradores”, disse ainda.

No portfólio internacional foram fechadas seis sucursais em três continentes, foram alienados os bancos em Espanha e na África do Sul, e prosseguem os processos de venda do banco Caixa Geral no Brasil e em Cabo Verde, lembrou Rui Vilar.

Já Paulo Macedo, explicou que a venda do banco no Brasil vai ser reaberta, ao passo que a venda do banco em Cabo Verde prossegue o seu curso. O Banco Comercial do Atlântico (BCA) é o maior banco em Cabo Verde e a CGD tem à venda a sua participação que é de 59%. O processo de venda foi aberto no ano passado.

“Igualmente tem avançado de forma significativa o processo de reorganização societária do grupo, com uma expressiva redução do número de entidades”, lembrou Rui Vilar.

“As autoridades europeias autorizaram que a segunda tranche de dívida subordinada fosse Tier 2 e não AT1 (Additional Tier 1 ) como inicialmente previsto e aceitaram que mantivéssemos a sucursal em França”, disse o Chairman do banco estatal, a título de exemplo do reconhecimento europeu.

O presidente não executivo da CGD disse ainda que as projeções da evolução das taxas de juros inscritas no plano estratégico eram mais favoráveis do que aquelas que acabaram por se verificar e que isso “penalizou a margem financeira da CGD”.

Rui Vilar lembrou ainda os recursos que tiveram de ser alocados para o banco realizar uma auditoria independente aos actos de gestão no período de 2000 a 2015. Durante o seu mandato a CGD foi tema de três comissões parlamentares de inquérito, o que teve efeitos negativos em termos reputacionais, lembrou.

O Chairman fez assim o balanço dos quatro anos da CGD, dizendo que os resultados líquidos nos primeiros três exercícios, excluindo 2020, foram substancialmente acima dos previstos no plano estratégico.

“No plano estratégico não estava prevista a distribuição de dividendos e fizemo-lo e estamos em condições de novamente o fazer, no cumprimento das recomendações do Banco Central Europeu”, disse o Chairman da CGD.

Seguindo a recomendação do BCE, irá ser proposta à Assembleia Geral de maio, a distribuição de dividendos referentes a 2020 num valor correspondente a 20 pontos base do rácio CET1 (ou 15% do resultado líquido), o que equivale a cerca de 85 milhões de euros, anunciou o banco.

No Plano Estratégico 2017-2020 estava implícita a redução da dimensão da CGD, disse Rui Vilar. “Mas mesmo cumprindo esses objetivos, o nosso activo total cresceu na operação domésticas, tal como cresceram os capitais próprios no Balanço Consolidado”, adiantou ainda Rui Vilar em jeito de despedida da CGD.

Sobre o futuro, Rui Vilar disse que na próxima Assembleia Geral, que será em maio, será eleita uma nova administração “e o acionista já aprovou o novo modelo de governance, com uma comissão de auditoria com reforçadas competências”, lembrou o banqueiro.

“De acordo com o plano de sucessão da CGD em vigor, estarão asseguradas as necessárias continuidades e renovações”, disse o Chairman que irá sair do banco ja na próxima AG.

Paulo Macedo já anunciou que está disponível para continuar CEO da CGD.

Rui Vilar salientou a incerteza que permanece à volta da recuperação da economia, que será mais tarde do que inicialmente se previa. Mas a CGD “tem condições estruturais para enfrentar com êxito os desafios que os próximos meses nos vão trazer”, concluiu.

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