A Nokia é a partir desta quarta-feira um parceiro estratégico do Estado português, após a assinatura de um memorando de entendimento (MoU) entre a multinacional e o Governo. Ao abrigo do acordo com o Executivo, a empresa vai investir 90 milhões de euros na criação de um Centro de Serviços Partilhados em Portugal, o que representa a contratação de cerca de 300 novos profissionais até ao final de 2022.
A revelação foi feita pelo secretário de Estado para a Transição Digital, André Aragão Azevedo, na abertura da cerimónia de assinatura do MoU, que decorreu via videoconferência. A nova estrutura será criada ainda este trimestre e vai localizar-se no atual complexo da Nokia na Amadora, distrito de Lisboa.
Para o diretor-geral da Nokia Portugal, Sérgio Catalão, a criação de mais um centro de competências global da Nokia, em Portugal, dá “continuidade ao forte e sustentado investimento” no país.
“A criação de mais um centro de competência da Nokia em Portugal reforça de forma significativa a presença da Nokia em Portugal”, salientou Sérgio Catalão. “Para este novo centro global iremos contratar mais 300 profissionais, que vão centrar a sua atividade na prestação de serviços avançados de suporte ao negócio, usando a digitalização e a automação para garantir a otimização de processos”, acrescentou. A Nokia conta hoje com mais de dois mil trabalhadores, em Portugal.
O Centro de Serviços Partilhados da Nokia é, assim, uma das condições do protocolo de Estado entre a empresa e o Governo, como forma de reforçar a presença e o investimento da multinacional de origem finlandesa em Portugal. A aposta em Portugal foi justificada pela qualificação dos profissionais, bem como pela localização estratégica do país, tendo em conta o fuso horário em que se encontra.
O ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, por sua vez, afirmou que a abertura de mais uma estrutura da Nokia no país “é um reforço de confiança por parte de uma empresa que conhece há muito a capacidade dos quadros portugueses”.
Recordando o momento de incerteza que a economia vive, devido à pandemia da Covid-19, o governante salientou que a aposta da Nokia é “um relevante investimento para a sociedade portuguesa e para o desenvolvimento do país, acelerando o investimento na educação e na capacitação dos nossos recursos humanos para poderem responder aos desafios da transição digital.”
Nokia procura novos profissionais nas universidades e politécnicos
O novo centro de competências da empresa prevê integrar profissionais com diversos perfis e níveis de experiência, mas o foco estará associado às áreas das finanças, da gestão de pagamentos e encomendas de cliente, bem como à análise de dados e à denominada master data. “Este centro tem características muito interessantes na área da automação e da inteligência artificial, que trará uma otimização de processos inovadores”, sublinhou Sérgio Catalão.
O diretor-geral da Nokia Portugal referiu que haverá “várias fontes de suporte” à contratação de 300 novos trabalhadores. “Quer em através das universidades e politécnico, mas também em estreita colaboração com o IEFP iremos dar início a este processo, que tem de estar concluído até ao fim do próximo ano”, disse. Sérgio Catalão mencionou as universidades de Lisboa e Aveiro como locais onde poderão procurar novos profissionais.
De acordo com as declarações do gestor, o novo centro de serviços partilhados da Nokia vai, a partir da Amadora, contribuir para a maximização da operação global da Nokia, bem como melhorar a qualidade das interações com os clientes, através da digitalização, automatização e da harmonização de processos.
Governo compromete-se a chamar a Nokia para a transição digital do país
Além Nokia se comprometer a abrir uma nova estrutura em Portugal, outra condição do MoU, em contrapartida, é que o Governo chame a multinacional de origem finlandesa para participar nas iniciativas do Plano de Ação para a Transição Digital. Em causa está um diploma, aprovado pelo Governo em abril de 2020, prevendo um conjunto de medidas e políticas impulsionadoras da transição digital no país.
Ora, segundo as declarações de Pedro Siza Vieira, a Nokia será “uma empresa de referência” para a transição digital. Isto, numa altura em que se sabe que o Plano de Recuperação e Resiliência português, a partir do qual o Governo prevê relançar a economia nacional no pós-pandemia Covid-19, prevê mais de cinco mil milhões de euros em verbas comunitárias para investir na transição digital.
A Nokia vai participar em iniciativas de promoção de competências digitais em estabelecimentos de ensino e no seio do tecido empresarial português, bem como colaborar em projetos de modernização e digitalização da administração pública. Segundo o MoU, o papel da Nokia será destacado nas áreas do 5G, cibersegurança e computação na cloud.
“Iremos colaborar para acelerar a digitalização da nossa sociedade, da economia e do Estado Português nos próximos anos, bem como criar emprego qualificado”, afirmou o diretor-geral da Nokia Portugal, Sérgio Catalão.
Sobre o papel da Nokia no 5G, Sérgio Catalão disse: “Iremos disponibilizar produtos e serviços para fazer o roll-out [lançamento] das redes de operadores, mas também um aspeto extremamente importante que é poder utilizar esta tecnologia como uma plataforma de transformação do tecido empresarial”.
“O 5G tem uma característica transformacional importante das indústrias e a Nokia tem uma forte presença naquilo que são as empresas, naquilo que é a Administração Pública”, sublinhou. Por isso, o gestor da Nokia referiu que “o 5G será também uma alavanca estratégica para a modernização e a transformação do tecido empresarial”.
A Nokia é uma empresa especializada em equipamentos de rede, software e serviços. A Nokia Portugal apresenta-se como um centro de investigação e desenvolvimento para a Nokia global, tendo unidades na Amadora e em Aveiro. Em Portugal, a Nokia têm também instalado um centro internacional de engenharia, que controla remotamente redes de banda larga para alguns dos principais operadores mundiais.
Desde que o Plano de Ação para a Transição Digital foi conhecido, em abril de 2020, o Governo já firmou parcerias estratégicas com a Google, com a Microsoft e com a Amazon Web Services.
[Notícia atualizada com mais informação pela última vez pelas 10h40]
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