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UTAO: Medidas de combate à pandemia representaram 2,4% do PIB, com grande discrepância na taxa de execução

Os valores previstos para medidas de isolamento profilático, subsídio de doença ou retoma progressiva foram sobrestimados no Programa de Estabilidade, elaborado numa altura de grande incerteza. Já outras, como o layoff simplificado ou a isenção do pagamento de contribuições sociais, apresentam execuções próximas dos 100% do valor previsto.
19 Fevereiro 2021, 18h15

As medidas de combate à pandemia tiveram um impacto orçamental em 2020 de 2,4% do PIB, isto apesar de algumas terem ficado consideravelmente abaixo da sua execução total, conforme se constata no relatório de evolução orçamental da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) divulgado esta sexta-feira.

Os 4.665 milhões de euros de impacto orçamental direto do conjunto de medidas para mitigar o impacto adverso da Covid-19 no país ficam assim abaixo do previsto no Programa de Estabilidade de 2020 (PE/2020), com alguns mecanismos sobrestimados, como é agora verificável.

Este valor decompõe-se em medidas destinadas a apoiar a saúde, que representaram 19,2%, ou 898 milhões de euros, e as destinadas a apoiar a economia, que contabilizaram 80,8%, ou 3767 milhões de euros.

O relatório da UTAO destaca, por exemplo, “os valores mensais de 110 M€ e 155 M€, previstos no PE/2020, para as medidas de isolamento profilático e subsídio de doença, respetivamente, quando os valores finais apurados para estas medidas, no final de 2020, se situaram em 62,6 M€ e 40,9 M€, respetivamente”, como se pode ler no documento. Outro mecanismo cuja execução é de assinalar é o de retoma progressiva, cujos 158,7 milhões de euros mobilizados correspondem apenas a 53% do valor inicialmente previsto.

Por outro lado, apoios relacionados ao subsídio de doença por infeção Covid-19 e à situação de teletrabalho foram significativamente subestimados, com os montantes executados a representarem, respetivamente, 481,6% e 245,5% do projetado.

Ainda assim, a UTAO relembra o contexto de enorme incerteza e imprevisibilidade em que foram feitas as previsões do PE/2020, o que explica a sua majoração. Medidas como o layoff ou a isenção do pagamento de contribuições sociais estão perto dos 100% do impacto orçamental previsto, mais especificamente, 100,7% e 92,7%, respetivamente.

A unidade técnica que dá apoio aos deputados da Comissão de Orçamento e Finanças (COF) realça ainda que grande parte destas medidas continuará a ter impacto orçamental em 2021, dada a necessidade de continuar a apoiar a economia e reforçar a resposta à crise pandémica, que até se agravou no início do corrente ano.

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