[weglot_switcher]

Guerra no sindicato dos bancários. Eleições ao rubro

A escassas duas semanas da data das eleições no Sindicato dos Quadros Técnicos Bancários, a contenda está ao rubro. Concorrem três listas. No centro da discussão está um presidente polémico.
4 Dezembro 2015, 00h02

As eleições para os órgãos sociais do SNQTB estão ao rubro. As acusações entre listas concorrentes são mais do que as ideias que alguns dos candidatos trazem nos seus programas e os associados debatem-se com dúvidas sobre o caráter dos candidatos a líder, muito por força da campanha que os opositores de Afonso Diz lançaram sobre o atual presidente da direção.

Afonso Diz não é uma figura pacífica. Com uma carreira profissional longa e variada – o agora presidente até já foi piloto de aviões de pequeno porte -, Afonso Diz tem-se eternizado à frente dos destinos do Sindicato que, dizem os seus detratores, trata como seu. A verdade é que se o SNQTB é o que é, deve tudo a este presidente polémico. Afonso Diz soube mantê-lo longe dos apetites das centrais sindicais, desenvolver atividades que permitiram que o sindicato tivesse fontes de financiamento para além das quotas dos sócios e construir uma rede de apoios sociais, de que se destaca o “SAMS Quadros” que serve, hoje, mais de 50 mil beneficiários.

São cinquenta milhões de euros de faturação e lucros significativos todos os anos – que diminuíram em 2014 mas ainda assim existem, depois de muitas provisões efetuadas -, são 17.500 sócios e milhares de beneficiários, um centro de lazer no Porto Santo e um equipamento social em Alcabideche, bem como um terreno no Porto para fazer equipamento semelhante para os colegas do norte. A estrutura do poder de Diz assenta, além do sindicato, numa fundação que apoia os associados e numa outra, que estendia o apoio a terceiros e que, após anos em funcionamento, foi considerada nula por irregularidades formais. A segurança social portuguesa nunca a considerou nula e recebeu dela as contribuições que tinha que receber até 15 de setembro passado e a Fundação Social do Quadro Bancário – assim se chamava – construiu o empreendimento social de Alcabideche e o centro de lazer – hotel – do Porto Santo. Nos dois empreendimentos foram gastos 38 milhões de euros e nos dois casos estalou a polémica entre as três listas.

Num primeiro momento, alguns opositores, de forma anónima, acusam Diz de se ter apropriado dos fundo, vindo depois a recuar e a dizer que o que fez foi não respeitar a formalidade de manter os empreendimentos no sindicato. Afonso Diz afirma que o acusam de ser demasiadamente solidário e que não perceberam que, uma vez declarada nula a fundação o que está a fazer-se é trazer o património para o Sindicato, não tendo os sócios perdido qualquer valor. A questão fiscal ainda vai dar que falar.
Os pecados que se apontam ao presidente são diversos e alguns têm sentido. Eternizou-se no poder e não soube fazer a sua sucessão. Já não está em condições de saúde de gerir a casa e gere-a autocraticamente com a conivência dos que com ele estão. Tem três familiares na estrutura de funcionários, incluindo a mulher, e tem um salário de 12 mil euros brutos por mês. Diz responde que este é o seu último mandato e que era prática do sindicato – prática que o OJE confirmou – dar emprego a familiares e nos trabalhos adjudicados a terceiros.

As acusações valem o que valem e nada acrescentam àquilo que os bancários necessitam, salientou um associado numa recente conferência da USI: um sindicato que continue forte e independente e que lhes continue a assegurar o seu SAMS Quadros e as benesses que tantos outros gostariam de ter. Quanto a obra feita, apenas Afonso Diz tem provas dadas. “Quanto a programas e ideias, depois de bem vistas as coisas, o programa da lista liderada pelo atual presidente da direção é o que mais garantias oferece”, diz-nos um associado, enquanto outro contrapõe e afirma taxativamente que “já chega de serem sempre os mesmos a mandar. O sindicato não é dele”. Mas a ambição dos candidatos é muita e a desinformação é maior ainda. Afonso Diz, com os seus pecadilhos, defendeu-se como pôde. Os seus adversários atacaram como souberam. A ver vamos…

Por Vítor Norinha/OJE

SNQTB. Tomada de posse é amanhã dia 30 (29 de dezembro de 2015)

SNQTB. Impugnação de Afonso Diz não suspende posse de Paulo Marcos (27 de dezembro de 2015)

Paulo Marcos com vitória folgada no Sindicato dos Quadros Técnicos Bancários (19 de dezembro de 2015)

Guerra no Sindicato. SNQTB vai a votos (20 de novembro de 2015)

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.