António Guterres considera que “o mundo está a enfrentar uma pandemia de abusos de direitos humanos”, uma vez que “dez países administraram mais de 75% de todas as vacinas contra a covid-19. Ao mesmo tempo, mais de 130 países não receberam uma única dose”.
António Guterres tinha já criticado a distribuição das vacinas, dizendo que era “extremamente desigual e injusto”, à semelhança da Organização Mundial de Saúde que alertou que os países mais pobres poderiam ficar privados destes fármacos pelo menos até 2024.
Num artigo de opinião publicado, esta segunda-feira, no “The Guardian“, o secretário-geral das Nações Unidas insurge-se contra o “mais recente ultraje moral” associado à pandemia, argumentando que a Covid-19 “proliferou porque a pobreza, a discriminação, a destruição do nosso ambiente natural e outras falhas de direitos humanos criaram enormes fragilidades nas nossas sociedades. As vidas de milhões de famílias foram viradas do avesso – com empregos perdidos, uma dívida avassaladora e grandes cortes nos rendimentos.”
Entre os mais afetados, o representante da ONU distingue os profissionais na linha da frente do combate à pandemia, pessoas com deficiência, idosos, mulheres e minorias. A pandemia também “dificultou os esforços para atingir a paz mundial” e os níveis de pobreza extrema estão a aumentar pela primeira vez nas últimas décadas.
Além de afetar os mais vulneráveis, Guterres escreve que a pandemia afetou também os defensores de direitos humanos, jornalistas, advogados e ativistas políticos que foram alvo de detenções e perseguições políticas por terem criticado os governos pelas respostas à pandemia, e ainda o direito a exercer o voto. No meio disto, também as vozes da oposição se viram fragilizadas e extremistas – “incluindo supremacistas brancos e neonazis – aproveitaram a pandemia para manipular, alerta António Guterres.
“A Covid-19 reforçou duas verdades fundamentais em relação aos direitos humanos. Primeiro, as violações de direitos prejudicam-nos a todos. Segundo, os direitos são universais e cabe a todos protegê-los”, frisa.
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