[weglot_switcher]

Guterres denuncia “pandemia de abusos de direitos humanos”. 10 países administraram 75% das vacinas e 130 não receberam uma única dose

O secretário-geral da ONU tinha já criticado a distribuição das vacinas, dizendo que era “extremamente desigual e injusto”, à semelhança da Organização Mundial de Saúde (OMS) que alertou que os países mais pobres poderiam ficar privados destes fármacos pelo menos até 2024.
Twitter
22 Fevereiro 2021, 11h24

António Guterres considera que “o mundo está a enfrentar uma pandemia de abusos de direitos humanos”, uma vez que “dez países administraram mais de 75% de todas as vacinas contra a covid-19. Ao mesmo tempo, mais de 130 países não receberam uma única dose”.

António Guterres tinha já criticado a distribuição das vacinas, dizendo que era “extremamente desigual e injusto”, à semelhança da Organização Mundial de Saúde que alertou que os países mais pobres poderiam ficar privados destes fármacos pelo menos até 2024.

Num artigo de opinião publicado, esta segunda-feira, no “The Guardian“, o secretário-geral das Nações Unidas insurge-se contra o “mais recente ultraje moral” associado à pandemia, argumentando que a Covid-19 “proliferou porque a pobreza, a discriminação, a destruição do nosso ambiente natural e outras falhas de direitos humanos criaram enormes fragilidades nas nossas sociedades. As vidas de milhões de famílias foram viradas do avesso – com empregos perdidos, uma dívida avassaladora e grandes cortes nos rendimentos.”

Entre os mais afetados, o representante da ONU distingue os profissionais na linha da frente do combate à pandemia, pessoas com deficiência, idosos, mulheres e minorias. A pandemia também “dificultou os esforços para atingir a paz mundial” e os níveis de pobreza extrema estão a aumentar pela primeira vez nas últimas décadas.

Além de afetar os mais vulneráveis, Guterres escreve que a pandemia afetou também os defensores de direitos humanos, jornalistas, advogados e ativistas políticos que foram alvo de detenções e perseguições políticas por terem criticado os governos pelas respostas à pandemia, e ainda o direito a exercer o voto. No meio disto, também as vozes da oposição se viram fragilizadas e extremistas – “incluindo supremacistas brancos e neonazis – aproveitaram a pandemia para manipular, alerta António Guterres.

“A Covid-19 reforçou duas verdades fundamentais em relação aos direitos humanos. Primeiro, as violações de direitos prejudicam-nos a todos. Segundo, os direitos são universais e cabe a todos protegê-los”, frisa.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.