A Berkshire Hathaway de Warren Buffett anunciou este sábado uma queda homóloga de 48% no lucro líquido em 2020 para 42,5 mil milhões de dólares (cerca de 35,06 mil milhões de euros), com um primeiro trimestre fraco a sobrepôr-se ao final de ano forte da empresa que detém participações significativas em ‘blue chips’ como a Apple, a Amex e a Coca-Cola.
No primeiro trimestre do ano, quando as ações nas praças mundiais caíram a pique com a chegada do novo coronavírus, a Berkshire registara um prejuízo líquido de 50 mil milhões de dólares.
Buffet, conhecido popularmente como o ‘oráculo de Omaha’ devido ao sucesso dos seus investimentos, explicou na carta anual aos acionistas que os quatro componentes principais do lucro líquido foram 21,9 mil milhões de dólares em lucro operacional, 4,9 mil milhões de dólares em ganhos de capital realizados, 26,7 mil milhões de dólares em em ganhos de capital ainda não realizados nas ações que a empresa detém, e finalmente, uma perda 11 mil milhões de dólares no valor de algumas subsidiárias.
Destas componentes, Buffett destacou uma. “Os ganhos operacionais são o que mais conta, mesmo durante os períodos em que não são o nosso maior item. O nosso foco na Berkshire é aumentar este segmento do nosso resultado e adquirir grandes negócios em posições favoráveis”, explicou.
“No ano passado, porém, não atingimos nenhuma dessas metas: a Berkshire não fez aquisições consideráveis e os lucros operacionais caíram 9%”, sublinhou. “Por outro lado, conseguimos aumentar o valor intrínseco por ação tanto ao reter os lucros como ao recomprar 5% das nossas ações”.
Uma parte substancial da carta de Buffett para os investidores centrou-se precisamente na recompra de ações.
“No ano passado, demonstramos o nosso entusiasmo pelos ativos da Berkshire ao recomprar o equivalente a 80.998 ações “A”, gastando 24,7 mil milhões de dólares no processo. Essa medida aumentou a vossa propriedade em todos os negócios da Berkshire em 5,2% sem exigir que tocassem na carteira”, referiu.
Buffett adiantou que seguindo os critérios que, com o vice-chairman Charlie Munger, há muito tempo recomenda, “fizemos essas compras porque acreditamos que aumentaria o valor intrínseco por ação para os acionistas e deixaria a Berkshire com mais do que fundos suficientes para quaisquer oportunidades ou problemas que possa encontrar”.
“De forma nenhuma achamos que as ações da Berkshire devam ser recompradas simplesmente a qualquer preço. Eu enfatizo que ponto porque os CEOs americanos têm um histórico embaraçoso de dedicar mais fundos da empresa para recompras quando os preços subiram do que quando afundaram”, disse. “A nossa abordagem é exatamente o oposto”.
O CEO disse que o investimento da Berkshire na Apple ilustra vividamente o poder das recompras.
“Começamos a comprar ações da Apple no final de 2016 e no início de julho de 2018, possuía pouco mais de um mi milhões de ações da Apple (ajustadas ao stock-split. Quando terminamos as compras em meados de 2018, a conta geral da Berkshire possuía 5,2% da Apple. O nosso custo para essa participação foi de 36 mil milhões de dólares”, afirmou.
Desde então, a Berkshire tem recebido dividendos regulares, em média anual de 775 milhões de dólares , e também – em 2020 – embolsou outros 11 mil milhões com a venda de uma pequena parte da posição.
“Apesar dessa venda – voilá! – a Berkshire agora possui 5,4% da Apple”, vincou Buffett. “Esse aumento não custou nada para nós, porque resultou da Apple continuamente recomprar as ações, diminuindo substancialmente o número de ações mercado.
A Berkshire, que terminou o ano com participações avaliadas em 281 mil milhões de dólares, registou um aumento de 23% no lucro líquido do quarto trimestre para 35,84 mil milhões de dólares e de 14% no lucro operacional para 5,02 mil milhões, ambos apoiados pelos valozirações nos mercados bolsistas no últimos três meses do ano.
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