O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, voltou a defender a necessidade de uma “colaboração perene” com os partidos à esquerda do PS para a governação de Portugal. Na sessão de encerramento de um ciclo de formação da Juventude Socialista (JS), realizado por videoconferência e transmitido nas redes sociais, o antigo secretário-geral dessa organização apontou o PCP e o Bloco de Esquerda como “elementos fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa”.
Apontado como o “pai da geringonça” pelo seu papel na negociação do acordo que viabilizou o Executivo de António Costa em 2015, Pedro Nuno Santos deixou uma crítica implícita à liderança do PS, dizendo que “não é com agressividade que vamos conseguir recuperar a colaboração com os outros partidos”. Pelo contrário, na opinião do líder oficioso da ala esquerda dos socialistas, é preciso “compreender e aceitar as diferenças” em relação a comunistas e bloquistas.
Pedro Nuno Santos defendeu que “uma democracia avançada precisa de dois blocos distintos, com duas visões do Estado”, pelo que o PS não se deverá enganar com quem tem de trabalhar. “Felizmente e finalmente conseguimos superar os bloqueios que vinham desde o início da nossa democracia”, defendeu o ministro, realçando que a “vitória muito importante” da formalização da ‘geringonça’ “não pode ser um parêntese na História de Portugal”.
“Infelizmente também temos no nosso partido quem esteja preso a 1975”, disse o ministro das Infraestruturas, referindo-se às resistências que a ‘geringonça’ gerou e continua a gerar dentro do partido. E recorreu à figura de Mário Soares para dizer que, embora a luta travada pelo fundador do PS no período revolucionário tenha sido “fundamental para vivermos em democracia”, o falecido antigo primeiro-ministro e Presidente da República também foi o responsável pela entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia, um dos primeiros críticos da Terceira Via e o promotor de encontros que “estimularam a esquerda a dialogar”.
Apresentado pelo presidente da JS, Miguel Costa Matos, como o responsável pela “reforma revolucionária de acabar com o arco da governação e estabelecer a geringonça”, Pedro Nuno Santos iniciou a sua intervenção com a defesa do papel do Estado enquanto “instrumento de uma comunidade” e manifestação da “capacidade de cooperação que nos fez fortes e que nos fez chegar ao dia de hoje”.
À prioridade no reforço do Estado, o governante socialista contrapôs a promoção do individualismo e da concorrência “quase desde que nascemos e até ao fim das nossas vidas”, resultando numa sociedade “que promove alguns vencedores e uma maioria de derrotados”.
Apesar de defender a intervenção do Estado na saúde e na educação, bem como “soluções mais justas” nos impostos e na segurança social, Pedro Nuno Santos reconheceu que o PS “tem de representar a maioria do povo e nem sempre o tem conseguido fazer bem”.
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