Portugal foi um dos países em que a proporção dos salários no rendimento nacional (wage share) mais diminuiu entre 2003 e 2014, revela o Relatório Global sobre os Salários 2016/17 da Organização Internacional do trabalho (OIT) que será hoje discutido no ISEG.
Uma das conclusões centrais do relatório é a tendência internacional de queda da proporção dos salários no rendimento nacional. De um total de 133 países analisados pela OIT entre 1995 e 2014, o wage share caiu em 91 países, manteve-se constante em 10 e aumentou apenas em 32.
O indicador reflete a interação entre as taxas de crescimento dos salários reais e da produtividade média do trabalho. Se a taxa de crescimento média dos salários reais for inferior à da produtividade, o wage share diminui.
Segundo o relatório da OIT, foi o que aconteceu em Portugal, que foi um dos países em que o indicador mais caiu. De cerca 60% do total do rendimento nacional em 2003, passou para 52% em 2014.
“Esta baixa foi muito acentuada depois da crise de 2008 e deve ser grande motivo de preocupação”, disse ao Jornal Económico Correia de Campos, presidente do Conselho Económico e Social (CES), que promove a conferência de hoje no ISEG.
A diminuição tem consequências sociais e económicas negativas: pode por em causa a coesão social e diminuir o crescimento económico, alerta a organização internacional.
“Esta situação também criou grandes desigualdades entre homens e mulheres, entre empresas e dentro das empresas”, destaca Correia de Campos.
Para inverter a trajetória, a OIT defende o aumento do salário mínimo e o reforço da contratação coletiva porque fará com que “um conjunto de empresas siga as mesmas regras”, promovendo desta forma uma competitividade saudável, afirma o presidente do CES.
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