O naturalista Charles Darwin nasceu em Inglaterra, em 1809. Em 1831 embarcou no navio Beagle – um bergantim de dez canhões –, comandado pelo Capitão (e cientista) Robert FitzRoy, numa viagem de cinco anos à volta do mundo, uma expedição entre o científico e o colonial, que tinha por objetivo cartografar as costas da Patagónia e Terra do Fogo. Darwin tinha 22 anos e esta seria a viagem da sua vida.
Desta extraordinária viagem viriam a resultar dois livros particularmente marcantes: “A Viagem do Beagle” e “A Origem das Espécies”. Após mais de 20 anos a estudar os múltiplos espécimes (incluindo pássaros, plantas e fósseis) que foi recolhendo ao longo do caminho, de Cabo Verde às Ilhas Galápagos, da Cordilheira dos Andes à Terra de Van Diemen, na Tasmânia, Darwin chegou à formulação da sua teoria da evolução e do processo de seleção natural. Aquando da publicação de “A Origem das Espécies”, em 1958 – ano em que morreu Alexander von Humboldt, que tanto o inspirou –, a sociedade vitoriana reagiu com escândalo e descrença. E ainda hoje, exatamente 135 anos depois da sua morte, em abril de 1882, há quem recuse a validade da sua teoria.
O que viu nesses cinco anos marcou-o profundamente e considerou que a beleza do mundo natural é de tal forma sublime que a linguagem dificilmente a consegue captar. Há que convir que escrever um diário de viagem que leva o leitor das costas e interior da América do Sul às ilhas dos mares do Sul, obriga a apurar as qualidades descritivas do autor, mas Darwin esteve claramente à altura do desafio. Eis dois exemplos, o primeiro retirado do capítulo sobre Cabo Verde e o segundo do que versa sobre o arquipélago chileno de Chiloé: “A paisagem de São Domingos é de uma beleza totalmente inexplicável, dado o aspeto lúgubre do resto da ilha. Esta vila situa-se no fundo de um vale, ladeado por paredes elevadas e recortadas de lava solidificada. As rochas negras conferem um contraste surpreendente com a vegetação verde e luminosa que segue as margens de uma pequena ribeira de água cristalina” e “ O panorama era notável: a principal parte da serra compunha-se de grandes e sólidas massas abruptas de granito, que tinham o aspeto de ser coevas do princípio do mundo. O granito tinha a revesti-lo uma camada de ardósia micácea, que, com o passar das épocas, se quebrara recortando-se em estranhos picos em forma de dedos. As duas formações, ainda que diferentes nos seus contornos, tinham em comum o serem quase desprovidas de vegetação. Esta aridez adquiria aos nossos olhos uma feição estranha, depois de durante tanto tempo nos termos habituado a ver pouco mais do que uma floresta quase omnipresente de árvores de um verde carregado.”
“A Viagem do Beagle. Viagem de um Naturalista à Volta do Mundo”, um livro que desperta a vontade de viajar como de estudar o mundo natural, é editado pela Relógio d’Água.
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