Em março, entraram no ministério do Trabalho 61 pré-avisos de greve, o número mensal mais alto desde o início do ano, revelam dados oficiais. E, em abril e maio, a contestação vai subir de tom, com várias paralisações e protestos anunciados, a começar já neste fim-de-semana da Páscoa.
“Há uma intensificação da luta porque, embora reconheçamos que alguma coisa foi feita, naquilo que é estrutural e estratégico continuamos sem respostas”, afirma ao Jornal Económico João Torres, da comissão executiva da CGTP.
“Ao contrário do que foi dito por algumas pessoas, a CGTP não foi de férias”, sublinha o dirigente da intersindical. Ainda ontem, diz, na reunião da comissão nacional, os dirigentes da CGTP deram conta de que entre 1 de abril e 1 de maio estavam previstas “40 a 50 ações de luta”, que entretanto já aumentaram “em mais 20”.
Nos aeroportos, começa hoje a greve parcial de vigilantes e seguranças privados (Prosegur e Securitas), que termina na segunda-feira e que levou a ANA, gestora dos aeroportos nacionais, a alertar para eventuais constrangimentos. A greve foi convocada por assistentes de portos e aeroportos para as infra-estruturas do Porto, Lisboa, Funchal e Porto Santo contra o congelamento salarial, que é, contudo, negado pelas empresas.
Também os trabalhadores dos museus, monumentos e palácios vão estar em greve amanhã e sábado por “falta de resposta” do ministério da Cultura às reivindicações dos trabalhadores, nomeadamente a integração dos precários e a valorização das carreiras.
Na última semana do mês será a vez dos trabalhadores da Transtejo e da Soflusa, que marcaram novas greves parciais para 26 e 27, os dois dias úteis seguintes ao feriado de 25 de Abril.
Antes, dia 21, há manifestação nacional dos não docentes em Lisboa, para a qual foi emitido um prévio aviso de greve para que os trabalhadores possam participar no protesto. Os trabalhadores das escolas protestam contra a falta de pessoal e as condições de trabalho.
Para maio, estão marcadas duas paralisações que também prometem fazer mossa: a greve de dois dias dos médicos, a 10 e 11, e a paralisação da função pública, a 26. Os profissionais de saúde queixam-se de “discriminação” na reposição das horas extraordinárias, enquanto os trabalhadores do Estado exigem 35 horas semanais para todos e o descongelamento das progressões, entre outros pontos.
“Foram criadas expetativas e há frustração e indignação nos locais de trabalho”, defende João Torres. “Os salários continuam congelados, a precariedade mantém-se, as normas gravosas da legislação laboral não são alteradas. Ou seja, os mecanismos que desequilibram as relações laborais estão intactos e portanto, há um vontade bem maior dos trabalhadores de lutarem pelos seus legítimos direitos”, conclui o dirigente da CGTP.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com