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EUA soma milhões de vacinas da AstraZeneca armazenadas que aguardam autorização do regulador

Administração de Joe Biden recusa-se, para já, a partilhar parte dessas doses com outros países que se deparam com uma escassez de vacinas e um processo de vacinação lento.
REUTERS
15 Março 2021, 18h17

Numa altura em que os Estados Unidos já ultrapassaram a marca das 100 milhões de doses de vacinas administradas contra a Covid-19, surgem notícias de que as autoridades sanitárias norte-americanas têm dezenas de milhões de fármacos da AstraZenca armazenados que não vão ser usadas para já, uma vez que aguardam pela autorização do regulador americano, Food and Drug Administration (FDA).

De acordo com a “Bloomberg”, tratam-se de cerca de 10 milhões de doses que estão armazenadas no armazém da farmacêutica em West Chester, Ohio, embora um oficial da farmacêutica tinha avançado à “CNBC”, na semana passada, que assim que tiver “luz verde” da FDA a empresa terá capacidade para avançar com a distribuição imediata de 30 milhões de doses.

O destino destas vacinas ainda está a ser debatido entre membros da Casa Branca e os oficiais de saúde federais, com alguns a argumentar que a administração de Joe Biden deveria permitir que as vacinas fossem enviadas para os países com maiores necessidades já que o processo de autorização para comercialização tem vindo a tornar-se moroso. Embora a vacina da AstraZeneca já esteja autorizada em mais de 70 países, de acordo com um porta-voz da empresa, os resultados dos ensaios clínicos nos Estados Unidos ainda não foram divulgados e a farmacêutica, enquanto espera, também não avançou com a solicitação de uma autorização de emergência.

“Percebemos que outros governos já entraram em contacto com a administração dos Estados Unidos sobre a hipótese destas doses serem doadas, e já pedimos ao governo para que estes pedidos fossem considerados”, avançou o porta-voz da farmacêutica ao “New York Times”, referindo, como exemplo, a União Europeia (UE)  que tem estado a lidar com atrasos nas entregas da vacina anglo-sueca.

A “Reuters” já tinha avançado que Washington avisou a UE de que não vai autorizar o envio das vacinas da AstraZeneca produzidas no país, de acordo com um documento do executivo comunitário a agência teve acesso.

Considerada inicialmente uma das favoritas à autorização nos EUA por ser mais barata e mais fácil de armazenar por longos períodos do que outras, a vacina da AstraZeneca, produzida com a Universidade de Oxford, terá acabado por encalhar numa série de problemas burocráticos e de falta de documentação que atrasaram os processos de verificação. Na Europa, além do executivo se ter deparado com um atraso na entrega das vacinas, dezenas de países avançam agora com a suspensão da vacina perante o surgimento de alguns casos de reações adversas ao fármaco.

As hesitações do Governo norte-americano quanto ao que fazer com as vacinas, estarão relacionadas com a incerteza de poder cumprir promessas do presidente Joe Biden, de que até finais de maio o país teria doses suficientes para inocular todos os adultos nos Estados Unidos.

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