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Investidores fogem do Reino Unido e dos EUA, mas zona euro fica a salvo

As eleições no Reino Unido e a audição do ex-diretor do FBI James Comey no Senado norte-americano estão a criar instabilidade nos mercados, mas a Europa continental parece estar imune aos receios após ter afastado as ameaças anti-euro.
Stefan Wermuth / Reuters
8 Junho 2017, 07h07

Um crescimento económico robusto nos países da moeda única e o afastamento de riscos anti-euro estão a entusiasmar os investidores em relação à Europa. Em sentido contrário, o Reino Unido e os EUA estão a ser vistos como focos de incerteza.

Esta quinta-feira é um dia de emoções fortes para os mercados. Na Europa, o conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE) reúne-se para discutir a política monetária dos países da zona euro. No Reino Unido, os britânicos vão às urnas decidir se querem continuar com Theresa May como primeira ministra ou se preferem o trabalhista Jeremy Corbyn.

“Os investidores norte-americanos abandonaram o Reino Unido duas semanas depois do Brexit, em julho de 2016 já tinham desaparecido. A incerteza sobre o Brexit afastou-os”, explicou o gestor de portfolio de fundos de ações globais no Jupiter Asset Management, Stephen Mitchell, à agência Reuters.

O gestor acrescentou que há uma tendência de retorno do investimento no Europa, mas que não se estende ao Reino Unido, o que “provavelmente continuará a acontecer no futuro”. Nos últimos 12 meses, os fluxos de investimento para as ações europeias criaram uma procura robusta que não foi acompanhada no Reino Unido, segundo dados recolhidos pela empresa Lipper para a Reuters.

Também o euro tem sido premiado pela confiança na Europa e já acumula uma apreciação de cerca de 7% face ao dólar desde o início do ano. “Há uma divergência crescente entre os EUA e a zona euro em termos de momentum político, económico e de fluxo de investimento”, referiu o gestor de divisas da Amundi, James Kwok, à Bloomberg.

“Enquanto a Fed deverá subir as taxas de juro, o grande foco é mais sobre como o BCE irá implementar uma estratégia de saída” do programa de compra de ativos da zona euro. Mas nem a reunião de política monetária desta quinta-feira está a agitar as águas, com os analistas a preverem que Mario Draghi mantenha tanto as taxas de juro como os estímulos inalterados para já.

Comey e Yellen em foco

Já nos EUA, o ex-diretor do FBI, James Comey, faz a primeira audição pública perante o Comité de Inteligência do Senado depois do polémico despedimento. Comey poderá confirmar que o presidente Donald Trump o pressionou a encerrar as investigações de conluio entre a campanha do republicano e a Rússia.

O gestor da AMP Capital Investors, Nader Naeimi, acredita que “o testemunho de Comey deverá estar em destaque”. E os fatores de incerteza nos EUA não ficam por aí, já que os mercados esperam também a reunião da Reserva Federal norte-americana na próxima semana, altura em que o banco central poderá subir as taxas de juro e dar mais indicações sobre uma redução da folha de balanço.

“Olhando para o posicionamento dos mercados, os investidores ficaram muito pessimistas quanto ao crescimento, pelo que a Fed e o BCE podem levar a uma grande volatilidade no mercado de títulos”, diz Naeimi.

As yields das obrigações norte-americanas a 10 anos caíram na terça-feira para o valor mais baixo desde novembro, com a perda de confiança no crescimento económico dos EUA e aceleração da inflação a levarem os investidores a procurar refúgio nas obrigações.

“Penso que o dólar já viu o seu pico, mas nenhuma tendência de descida se desdobra em linha reta. O dólar está a fortalecer enquanto as yields das obrigações vão atingir o fundo em breve”, acrescentou, em declarações à Bloomberg.

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