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Coreia do Norte pode estar a executar publicamente milhares de presos para alimentar o medo no país

Os crimes particados pela Coreia do Norte são comparados com as atrocidades nazis durante a Segunda Guerra Mundial e o relatório agora revelado procurou documentar esses “crimes contra a humanidade” para dar um impulso internacional para travar o problema.
KCNA/via REUTERS
19 Julho 2017, 13h30

Um relatório divulgado esta quarta-feira por uma organização não-governamental de Justiça Transitória (TJWG), sediado em Seul, indica que a Coreia do Norte está a levar a cabo execuções públicas de prisioneiros em massa. A TJWG dá conta de que se tratam muitas vezes de decisões extrajudiciais, motivadas pelo facto de os detidos terem antecedentes familiares considerados “indesejáveis”, sendo estas uma forma de desencorajar “comportamentos indevidos” contra o regime de Pyongyang.

O estudo, baseado em 375 entrevistas feitas a desertores do regime norte-coreano ao longo de dois anos, revela que os detidos por suspeitas de roubo, prostituição ou distribuição de panfletos sem a aprovação governamental são executados em cerimónias públicas junto às margens dos rios e próximo de escolas e mercados, para alimentar o medo. As execuções públicas são aplicadas também a crimes menores, como roubo de produtos agrícolas, como o milho e o arroz.

A forma de execução mais frequente é a tiro, mas há relatos de mortes por espancamento, como várias testemunhas a dizer que as autoridades norte-coreanos acreditam que alguns dos detidos “não valem a pena o desperdício de balas”. Em algumas execuções públicas é requerida a presença de funcionários do Governo para verem o que acontece a quem é corrupto ou faz espionagem, funcionando como “técnica de dissuasão” para futuros crimes.

A TJWG compara os crimes particados pela Coreia do Norte com as atrocidades nazis durante a Segunda Guerra Mundial e quis, por isso, documentar aquilo que designam de “crimes contra a humanidade” para dar um impulso internacional para que tais práticas sejam travadas.

“Os mapas e os testemunhos recolhidos criam uma imagem da gravidade dos crimes contra a humanidade que ocorreram ao longo de décadas” na Coreia do Norte, explica a TJWG no relatório.

A Coreia do Norte rejeita as acusações de abusos dos direitos humanos, garantindo que os cidadãos do país estão protegidos ao abrigo da constituição do país. Por sua vez, acusam os Estados Unidos de serem os maiores violadores dos direitos humanos e dizem que tais crimes passam quase sempre impunes.

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