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Modificar nuvens ou espalhar sulfato na estratosfera? Cientistas estudam soluções para combater alterações climáticas

As estratégias podem parecer ousadas, mas de acordo com Alfredo Rocha, professor no Departamento de Física e no Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro, “teoricamente funcionam e fazem sentido”.
21 Julho 2017, 13h36

Os cientistas estão focados em encontrar soluções para combater os efeitos das alterações climáticas e contornar a recente escalada nas temperaturas médias globais. A solução, acreditam, pode estar nas nuvens e esta quinta-feira a comunidade científica divulgou duas propostas na revista ‘Science’ para arrefecer de forma artificial o planeta. Uma consiste em injetar partículas de sulfato na estratosfera e outra em modificar as nuvens mais altas e finas.

As estratégias podem parecer ousadas, mas de acordo com Alfredo Rocha, professor no Departamento de Física e no Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro, contactado pelo jornal ‘Público’, apesar de ainda não terem sido testadas, “teoricamente funcionam e fazem sentido”.

A ideia de injetar partículas de sulfato na estratosfera, que impedem que o planeta Terra aqueça tanto, tem por base o fenómeno natural dos vulcões. Alfredo Rocha explica que quando são introduzidas partículas de sulfato nas nuvens, “reflectem a radiação solar” impedido o sobreaquecimento provocado pelos gases com efeito de estufa.

No entanto, existe um revés: os cientistas alertam que esta ação pode abrandar o ciclo da água e reduzir os recursos hidrícos disponíveis, sendo necessário encontrar um equilíbrio para evitar a “mitigação agressiva”.

Já a alteração da área e espessura das nuvens cirros é na visão de Alfredo Rocha uma ideia “muito interessante”. “Os cirros são nuvens que estão situadas lá no alto e praticamente transparentes. A radiação solar atravessa os cirros, mas absorvem muita radiação emitida pela Terra em direção ao espaço e que, depois, emitem para a superfície de novo. Isso vai aquecer a superfície da Terra como aquece mais dióxido de carbono ou vapor de água na atmosfera”, explica.

Contudo, mais uma vez todo o cuidado é pouco e os cientistas do Instituto de Ciência Atmosférica e Climática, na Suíça, que se dedicam ao estudo deste tipo de nuvens alertam que se o fabrico destas nuvens artificiais não for feito da maneira correta, pode vir a aquecer ainda mais a superfície da Terra, funcionando em sentido inverso ao esperado.

“É preciso ter cuidado. Podemos fazer um mal à atmosfera e depois não conseguimos corrigir”, avisa o professor da Universidade de Aveiro. “É como os medicamentos. É preciso avaliar a relação do benefício de um remédio e os seus efeitos secundários”.

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