A economia espanhola, uma das mais penalizadas durante a crise pandémica pela sua elevada exposição ao turismo, deverá ter uma recuperação de médio e longo prazo mais lenta do que outros Estados-membros da União Europeia devido aos problemas estruturais que a Covid-19 evidenciou, antecipa uma análise da Sixty Degrees.
A necessidade de recorrer a confinamentos altamente restritivos como resposta à elevada mortalidade no país vizinho prejudicou gravemente uma das economias mais expostas ao sector do turismo, outro dos fatores determinantes para a maior queda do PIB a nível europeu em 2020.
Agora, face a uma resposta orçamental fraca e a obstáculos governativos consideráveis, a sociedade gestora de fundos de investimento antevê algumas dificuldades na retoma de médio prazo espanhola.
A análise da Sixty Degrees destaca o impacto na atividade económica que teve o agravamento da situação pandémica no início de 2021, que manteve os índices de mobilidade no país em níveis mais baixos do que os verificados no último trimestre de 2020.
Vacinação coloca em risco época balnear
Simultaneamente, o ritmo do plano de vacinação espanhol tem sido, a par da maioria dos países europeus, muito mais baixo do que o verificado nos EUA ou no Reino Unido, o que não contribuiu para o objetivo de imunidade de grupo até ao final do verão, um fator que certamente terá influência na recuperação da indústria do turismo.
Precisamente esta quebra no turismo, que representou em 2019 14% do PIB espanhol, refletiu-se no superavit comercial que o país registou em 2020. Este caiu de 2,0% do PIB em 2019 para apenas 0,7% em 2020, fruto sobretudo da queda abrupta nas exportações de serviços a reboque do sector turístico. Adicionalmente, verificou-se o encerramento de mais de 6,8% das empresas do país, com a criação de novas companhias a cair também 15,8% quando comparado com 2019.
Apesar disto, Espanha foi mesmo o país da zona euro onde a resposta orçamental à crise da Covid-19 foi mais fraca em função do PIB nacional, o que pode ser justificado, por um lado, com uma dívida pública na ordem dos 117% que pressiona fortemente as suas contas nacionais e capacidade de financiamento, e, por outro, por uma cena política altamente fragmentada e de difícil consenso.
Esta fragilidade política terá igualmente impacto na aplicação futura dos fundos europeus de recuperação. A Sixty Degrees antevê assim um reduzido impacto real destas verbas no crescimento económico espanhol, apontando mesmo para as previsões de alguns analistas de um crescimento anémico entre 2023 e 2025.
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