A justiça brasileira investiga atualmente a participação de empresas estrangeiras e armadores gregos em contratos fraudulentos com a Petrobras. A fase da investigação foi denominada ‘Operação Sem Fronteiras’ e teve início a partir do relato do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto da Costa, no acordo de colaboração premiada.
A Polícia Federal cumpriu mandados judiciais no Rio de Janeiro e em São Paulo, entre eles, 11 mandados de condução coerciva e seis mandados de prisão temporária. Com base na delação de Paulo Roberto Costa, os procuradores, em Curitiba, aprofundaram a investigação com a análise de materiais apreendidos, além de provas obtidas mediante a quebra de sigilo bancário, fiscal, de dados telemáticos e registos telefnicos, além de cooperação jurídica internacional.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), as apurações concluíram que o então diretor de Abastecimento da petrolífera ajustou com o cônsul honorário da Grécia no Brasil, Konstantinos Kotronakis, um esquema de facilitação de contratação de navios gregos, mediante o fornecimento de informações privilegiadas e o pagamento de propinas.
A investigação detectou que os grupos Tsakos e Aegean, dos quais Konstantinos Kotronakis é, respectivamente, diretor e sócio-administrador, além das empresas Dynacom Tankers Management, Galbraiths e Dorian Hellas, com as quais o cônsul grego ostenta vínculos indiretos, formalizaram contratos de afretamento com a Petrobras, entre 2009 a 2013, em valores que superam 500 milhões de dólares.
De acordo com o MPF, cerca de 2% desse valor era “destinados ao pagamento de propina a funcionários públicos corrompidos, operadores financeiros e agentes políticos”.
Os procuradores concluíram que “há provas de que o pagamento das vantagens indevidas era operacionalizado mediante depósitos em contas offshores controladas por Konstantinos Kotronakis, Georgio Kotronakis, Henry Hoyer de Carvalho, Humberto Mesquita e Paulo Roberto Costa”.
Assim, de acordo com as investigações, foi possível verificar o recebimento de vantagens indevidas, em benefício dele, em contas ocultas no exterior, titularizadas por empresas offshores registradas em nome de terceiros. Há, ainda, evidências concretas de que esse ex-gerente também beneficiou as empresas Olympic Agencies e Perosea Shipping Co em contratos com a Petrobras.
O procurador da República Athayde Ribeiro Costa disse que as operações deixam um recado às empresas estrangeiras envolvidas em atos de corrupção de que não escaparão à justiça. “Estas novas operações deixam um recado claro: empresas estrangeiras não serão poupadas na Lava Jato”.
A Agência Brasil entrou em contato com a Embaixada da Grécia, que informou que Konstantinos Kotronakis é cônsul honorário e, como tal, não integra o quadro da chancelaria grega, e que não se manifestará sobre o assunto.
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