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Euro e ouro em máximos com tensão nuclear entre Washington e Pyongyang

A moeda única atingiu esta terça-feira a melhor valorização desde janeiro de 2015 face ao dólar, que continua numa trajetória de queda. Já o ouro disparou para máximos desde as presidenciais norte-americanas e os títulos da dívida registaram uma ligeira subida.
Athar Hussain/Reuters
29 Agosto 2017, 14h04

O novo lançamento balístico da Coreia do Norte na madrugada desta terça-feira veio colocar as bolsas asiáticas em linha vermelha e espalhar o sentimento negativo às bolsas mundiais. Com os investidores a optarem por ativos mais seguros, o ouro disparou para máximos desde as presidenciais norte-americanas e o dólar sofreu uma nova queda, levando o euro a atingir a melhor valorização desde janeiro de 2015.

A corrida aos ativos de refúgio acontece após o Governo norte-coreano ter disparado um míssil que sobrevoou o Norte do Japão e terá caído em águas japonesas, a 1180 quilómetros a leste da ilha de Hokkaido. O Governo japonês considera que esta foi uma “ameaça sem precedentes, séria e grave” e garante que irá dar uma resposta firme a Pyongyang. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, já falou ao telefone com o homólogo norte-americano, Donald Trump, e junto vão pedir uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). O republicano já avisou que “todas as opções estão em cima da mesa”.

O reavivar das tensões entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos levou a uma nova queda no valor do dólar face às principais pares mundiais. O dólar já havia recuado depois de a presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed), Janet Yellen, não ter revelado quaisquer pormenores sobre os próximos passos em relação à política monetária no país, durante o simpósio de política económica Jackson Hole, em Wyoming, nos Estados Unidos.

O euro continua, assim, a ganhar valor face ao dólar, tendo superado os 1,20 dólares por unidade pela primeira vez desde há mais de dois anos (janeiro de 2015). Também o iene – moeda do Japão – está a ser encarada como divisa de refúgio, chegando a atingir máximos de abril do ano passado.

“O euro recuperou valor porque o dólar não é um refúgio seguro tendo em conta o fenómeno norte-coreano”, explicou à agência ‘Bloomberg’ Stuart Bennett, diretor do Grupo de estratégia no Banco Santander. “Está sobrevalorizado pela maioria dos indicadores quantificáveis ​​neste nível, mas é provável que o mercado o leve a novas valorizações da mesma maneira que caiu no início do ano”.

A evitar a todo o custo os ativos de risco, os investidores estão também a apostar cada vez mais em ouro. O metal precioso, que já vinha a aumentar nas últimas sessões, disparou para máximos desde novembro do ano passado, aquando das eleições presidenciais norte-americanas, que deram vitória ao republicano Donald Trump.

“O preço do ouro atingiu o seu valor mais alto desde as eleições dos Estados Unidos”, afirmou Abhinandan Agarwal, analista do Goldman Sachs Group, num comunicado enviado aos clientes. “O esperado é que os stocks de metais preciosos superem ainda mais esses valores”.

Também os títulos da dívida, conhecidos por serem uma forma mais segura de investimento, registaram uma ligeira subida. Em Portugal, os títulos a dez anos subiram 1,4 pontos base para 2,874%.

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