O jornalista e ativista dos direitos humanos angolano, Rafael Marques, referiu esta quinta-feira, à imprensa em Bruxelas, que “o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa deu os parabéns antes que o processo eleitoral tivesse sido concluído e isso foi péssimo”.
“Péssimo porque fica gravado na memória dos angolanos que estão a pedir que os seus votos tenham valor, quando vem um Presidente português a dar legitimidade a um regime angolano, quando nem os próprios angolanos que votaram – e até os que votaram no MPLA – ficaram chocados com a forma bruta como se anunciaram os resultados”, acrescentou o ativista, citado pela Lusa.
Quando questionado sobre o resultado das eleições, o jornalista, que hoje marcou presença num debate promovido pela eurodeputada Ana Gomes, frisou que “no Centro nacional de Escrutínio (CNE) não havia apuramento de dados”, acrescentando que “não houve apuramento de votos em 14 das 18 províncias de Angola”. No seu parecer, “sem esse apuramento, as eleições são roubadas”.
Isto remonta a 26 de agosto, dia em que Marcelo Rebelo de Sousa parabenizou João Lourenço, do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) por ter sido eleito presidente de Angola, apesar dos resultados oficiais terem sido anunciados esta quarta-feira, 11 dias depois.
Para os comissários nacionais da CNE, o país angolano “está numa encruzilhada, porque a lisura, a transparência e a validade do processo eleitoral estão em causa”.
João Manuel Gonçalves Lourenço foi esta quinta-feira confirmado como novo Presidente de Angola, após ontem terem sido divulgados os resultados finais das eleições gerais de 23 de agosto.
Os resultados indicam que a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) ficou em segundo lugar, com 26,67% dos votos, seguindo-se a coligação de partidos Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), com 9,44% dos votos.
A UNITA já avançou que pretende contestar o resultado final, conclui a Lusa.
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