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Madrid deixa Puigdemont a falar sozinho

Se o presidente da Generalitat cria que Rajoy estava a fazer bluff, desconvenceu-se: a um pedido seu para um encontro a dois, recebeu um rotundo ‘não’.
Albert Gea/Reuters
17 Outubro 2017, 07h10

Se alguns analistas ainda colocavam a hipótese de o governo de Madrid estar a fazer uma espécie de bluff quando enviou ao presidente da Generalitat catalã, Carles Puigdemont, uma carta onde pedia para clarificar a situação institucional da autonomia, essa hipótese ficou ontem totalmente posta de parte.

Ao cabo de um fim-de-semana em que se soube que Puigdemont esteve em contactos com vários responsáveis políticos para alegadamente produzir a resposta, ou a primeira resposta, às dúvidas de Mariano Rajoy, chefe do executivo central, a carta enviada pelo presidente da Generalitat pedia, em resumo, um período de dois meses para negociar e a organização de um encontro entre si próprio e Rajoy.

Provando que o governo do Partido Polupar (PP) não está a fazer bluff, Mariano Rajoy mandou dizer que não havia encontro nenhum e que, se Puigdemond quiser falar sobre o assunto, que se dirija ao parlamento, onde por certo encontrará quem esteja disponível para o ouvir. A vice-presidente do governo, Soraya Sáenz de Santamaría, disse ainda puiblicamente que a carta recebida em Madrid não tem a resposta à pergunta simples que era formulada, pelo que o segundo prazo, a próxima quinta-feira, é o definitivo para o regresso da Catalunha à normalidade institucional.

Fica claro que o governo não está a fazer bluff, como fica também claro que o próprio regime também não: o PSOE veio ontem recordar à Catalunha que o artigo 155 é mesmo para a avançar na quinta-feira, se se mantiver a falta de resposta da Catalunha e a indefinição sobre a recusa da independência. O regime está por isso junto na tentativa de frustrar a independência daquela autonomia.

Entretanto, na própria Catalunha, Puigdemont não tem razões para descansar: o Juntos pelo Sim, coligação que agrega os independentistas desde a esquerda até à direita e que assegura a maioria ai governo da Generalitat, está em completa desagregação. A Candidatura de Unidade Popular (CUP), uma das forças políticas de esquerda que fazem parte do Juntos pelo Sim, disse ontem que não foi consultada sobre a carta de resposta de Puigdemont e que não concorda com o seu conteúdo. Um porta-voz daquela estrutura partidária disse ainda que Puigdemond verá “nas ruas” a resposta da CUP à missiva.

Para os analistas, esta tomada de posição deixa a descoberto o que se anmtevia desde o final da semana passada: o governo da Catalunha já não pode contar com a maioria que assegurava a sua existência no parlamento da autonomia.

Talvez por isso, o partido Ciudadanos já está a fazer contas. O seu líder, o catalão Albert Rivera, já disse que o partido está a escrutinar outras forças políticas no sentido da constituição de uma alternativa ao agora desfeito Juntos pelo Sim – que é o mesmo que dizer que o partido não concebe o futuro político imediato da Catalunha sem a realização de eleições antecipadas.

Entretanto, as horas continuam a passar e quinta-feira dia 19 está cada vez mais próximo.

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