A Caixa Geral de Depósitos (CGD) reduziu o prejuízo em 75,1% nos primeiros nove meses deste ano, face a igual período de 2016, para 47 milhões de euros, anunciou hoje a instituição financeira.
Esta evolução é justificada com o aumento do resultado de exploração em 79%, para 478 milhões de euros, enquanto os “custos de estrutura recorrentes” caíram 6%.
Em comunicado divulgado através da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a instituição explica que o contributo da atividade doméstica para o resultado líquido consolidado foi negativo (-226 milhões de euros), ao contrário do que se verificou com a atividade internacional, que deu um contributo positivo de 179 milhões de euros.
“A implementação do Plano Estratégico CGD 2020 prosseguiu com sucesso no terceiro trimestre de 2017, reforçando a confiança relativamente ao cumprimento dos objetivos delineados para o ano em curso”, diz a CGD.
Paulo Macedo disse que neste trimestre “há a registar uma execução com eficácia do plano estratégico”. O presidente da CGD diz ainda que em termos de capital, os rácios atingiram o valor de 13%, acima do valor do plano estratégico. Os rácios CET1 phased-in e fully implemented eram em setembro de 13,0% e 12,8%, com rácios phased-in Tier 1 e Total de 14,1% e 14,8%, respetivamente.
O resultado líquido negativo (-47 milhões de euros) verificado nos primeiros nove meses do ano, incluem provisões para custos não recorrentes de 595 milhões de euros, referentes a Programas de redução de pessoal, bem como a custos relacionados com a reestruturação e alienação de atividades internacionais, “fixando-se o resultado líquido da atividade corrente em 473 milhões de euros”, diz a Caixa.
“As provisões e imparidade atingiram no período 408,6 milhões de euros, valor próximo do observado no período homólogo do ano anterior (-0,5%), para o que contribuiu sobretudo o montante de provisões e imparidades de outros ativos (líquido) de 327,8 milhões de euros, dos quais 322,0 milhões de euros de natureza não recorrente, relacionadas com a reestruturação e alienação de atividades internacionais”, diz o banco.
“O resultado core teve um aumento expressivo de 80%”, disse Paulo Macedo.
Para este resultado líquido contribuíram decisivamente a evolução de +18% (+149 milhões de euros) da margem financeira, que se fixou em 983 milhões de euros, positivamente influenciada pela redução sentida no custo de funding (-293 milhões de euros, -25%, face a Setembro de 2016).
O resultado de operações financeiras obtido (301 milhões de euros) que aumentou 345 milhões de euros face ao valor registado um ano antes. De salientar aqui que a valorização da carteira de dívida soberana por conta da subida do rating da República pela S&P, não se reflete nesta rubrica porque não houve vendas expressivas de OT no período.
O banco destaca o crescimento de 2% nas comissões líquidas, face ao período homólogo de 2016.
Ao nível dos custos de estrutura, excluindo os custos não recorrentes, “há uma queda nas diferentes valências”, explica José Brito. Neste sentido, a atividade em Portugal revela uma descida mais significativa dos custos.
“Estamos no caminho que foi acordado no âmbito do plano estratégico”, salienta, referindo-se ao número de trabalhadores. Até setembro, “temos uma redução de perto de 300″ funcionários, diz. E, “até ao final do ano, “cumpriremos o que foi acordado”.
A redução ocorrida nos custos operativos recorrentes (-6%, -56 milhões de euros), com origem quer em menores custos com pessoal, quer em menores gastos gerais administrativos, é destacado pela Caixa. Até setembro de 2017 o resultado de exploração core (margem financeira + resultados de serviços e comissões – custos de estrutura recorrentes) alcançou os 478 milhões de euros (+80%), impulsionado pelo crescimento da margem financeira e pela redução verificada nos custos de estrutura recorrentes.
O cost-to-income (excluindo custos não recorrentes) reduziu-se em setembro para 50,1% como consequência do bom desempenho referido nas componentes de custos de estrutura recorrentes e nos proveitos. O cost-to-core income, que exclui também os resultados de operações financeiras, fixou-se em 63,9%. diz a CGD.
José de Brito, administrador financeiro, lembra a “extinção dos CoCos, que em 2016 ainda pensavam na margem financeira. Mas já não é o caso este ano”.
O banco fala ainda do baixo custo do risco de crédito registado nestes nove meses de 2017, que se cifrou em 81 milhões de euros (0,16% do stock de crédito). “Estamos com um custo de risco de crédito muito reduzido”, afirma José Brito.
Na apresentação dos números das contas trimestrais, o administrador financeiro José de Brito, salientou a melhoria da qualidade da carteira de crédito. Há uma redução dos NPL de 15,8% para 13,3%. E do NPE de 12,1% para 10,1%. “Sobre os rácios de NPL, há também uma diminuição, muito por força da venda de carteiras e ativos de risco”, disse.
A qualidade dos ativos da CGD evoluiu positivamente nos primeiros nove meses de 2017, com os rácios de NPE (Non performing exposure – definição EBA), ou seja ativos improdutivos e NPL (crédito malparado) a atingirem respetivamente 10,1% e 13,3% (12,1% e 15,8% em dezembro último). Em ambos os casos as coberturas por imparidades são de 53,4%.
O administrador da CGD destaca que “estamos à frente dos objetivos que tínhamos para esta altura do ano”. “A nível dos rácios de cobertura também há uma melhoria”, acrescenta.
O crédito a clientes bruto (incluindo créditos com acordo de recompra) reduziu 6,5% relativamente a dezembro do ano anterior para 64.295 milhões de euros no final de setembro de 2017, com o crédito a empresas e a particulares da atividade da CGD Portugal a registarem variações de -9,8% e -3,4%, respetivamente. Nesta redução merece especial destaque o processo de redução de exposições não produtivas via vendas e write offs da carteira de crédito, no valor de 1,3 mil milhões de euros.
O administrador financeiro explica que o write-off de crédito levam a que o rácio de cobertura baixe. O que se explica por serem cancelados do balanço créditos vencidos com cobertura por provisões a 100%.
No balanço, a CGD apresenta em setembro de 2017 uma relação de crédito face a depósitos (rácio de transformação) de 87,9%, refletindo a forte confiança da base de clientes da CGD, mesmo num ambiente de taxas de remuneração de depósitos muito baixas. Já os recursos totais de clientes na atividade doméstica aumentaram 2.073 milhões de euros (+3%) face a dezembro de 2016, atingindo 69.351 milhões de euros, influenciados pela evolução favorável dos depósitos de clientes (+557 milhões de euros) e do volume de OTRV (+1.105 milhões de euros). A posição de liquidez da CGD manteve-se muito confortável com o rácio Liquidity Coverage Ratio (LCR) em 204% e o montante total de financiamento junto do BCE estável em 3.397 milhões de euros, ou seja cerca de 3,6% do ativo total.
(atualizada)
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