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TC critica gestão financeira “flexível” da Força Aérea nos contratos com a OGMA

O Tribunal de Contas (TC) apontou hoje “insuficiências” no controlo da gestão financeira da Força Aérea Portuguesa (FAP), detetando faturas pagas à OGMA por serviços não prestados, compensadas depois pela prestação de outros serviços, numa “base flexível”.
22 Novembro 2017, 13h32

Tribunal de Contas (TdC) apontou hoje “insuficiências” no controlo da gestão financeira da Força Aérea Portuguesa (FAP), detetando faturas pagas à OGMA por serviços não prestados, compensadas depois pela prestação de outros serviços, numa “base flexível”.

“A execução relativa às aquisições de serviços à OGMA decorre numa base flexível, apoiando-se no orçamento de funcionamento da FAP ou na LPM [Lei de Programação Militar]”, refere o relatório de auditoria à execução da Lei de Programação Militar de 2015, divulgado hoje no “site” daquele tribunal.

A FAP utilizou “indevidamente dotações orçamentais da LPM quando os contratos apenas podiam ser executados por conta do orçamento de funcionamento da Força Aérea, de acordo com a informação de cabimento prestada aquando da sujeição do contrato a visto”, é referido no relatório.

Para além de censurar os procedimentos jurídicos seguidos pela Força Aérea, o TdC detetou “insuficiências no sistema de controlo da FAP (e da OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal S.A) visto que a FAP pagou reparações e peritagens sem correspondência aos serviços inscritos na faturação e aos serviços de facto prestados”.

Contudo, admite o TdC, foram depois “efetuadas compensações, também sem apropriada correspondência na faturação, com recurso a prestação de outros serviços ou a deduções”.

Na análise aos processos no âmbito do contrato de prestação de serviços com a OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal, o TdC verificou que a “OGMA emitiu certas faturas que foram certificadas e pagas pela FAP em 2015” em condições que evidenciam “insuficiências no sistema de controlo”.

Por exemplo, a FAP pagou a reparação de injetores no montante de 5.012,64 euros que, entretanto, a OGMA considerou “irreparáveis”. Posteriormente, pagou 2.110,05 euros para uma “peritagem dos mesmos injetores”, mas na fatura constava a indicação de “reparação”

Já no decurso de 2016, a FAP enviou outros injetores para reparação que não foram faturados e pagou a reparação de uma bomba, no montante de 7.064,49 Euro, quando apenas foi feita a sua peritagem. A bomba foi, de novo, enviada à OGMA, tendo a FAP pago a nova fatura com o descritivo de ‘reparação’, no montante de 2.485,72 euros, correspondente à “peritagem”.

Por fim, a Força Aérea “pagou a reparação de dois geradores, no montante de 7.677,75 euros, que, entretanto, a OGMA devolveu por serem irreparáveis”.

Posteriormente, “enviou outros dois geradores que a OGMA devolveu por serem irreparáveis, tendo a FAP pago o montante de 1.397,68 euros relativo à ‘peritagem'”, refere o TdC.

Mais tarde, por indicação do gestor de sistema de armas, foi reconstruído um gerador com recurso àqueles quatro, dando origem a novo pedido de reparação e ao pagamento do montante de 553,50 euros, correspondente à ‘peritagem’, lê-se no relatório.

No exercício do contraditório, o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, em funções em 2015, general Araújo Pinheiro, respondeu que em todos os procedimentos, os intervenientes “sempre exerceram as competências com o maior rigor e correção dentro do quadro legal vigente”, sem prejuízo de “alguns lapsos” com “reduzida expressão”.

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