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Suzana Garcia: a polémica advogada (sondada pelo Chega) que deverá concorrer pelo PSD à Amadora

Conhecida pelos comentários polémicos sobre racismo, xenofobia e criminalidade, Suzana Garcia é a aposta do PSD para conquistar a câmara socialista da Amadora. A advogada foi sondada pelo PSD e pelo Chega mas terá optado pelo convite dos social-democratas para encabeçar a lista a um concelho onde os problemas com as forças de segurança são crescentes.
30 Março 2021, 12h35

Suzana Garcia, advogada e ex-comentadora da TVI, era um dos nomes apontados para concorrer às eleições autárquicas pelo Partido Social Democrata (PSD), mas esta segunda-feira a candidatura deixou de estar apenas no plano das hipóteses. Suzana Garcia deverá ser candidata pelo PSD à Câmara de Amadora, depois de o nome ter sido aprovado pelas estruturas locais e o ‘ok’ da direção de Rui Rio ser já dado como certo.

Mas este não foi o primeiro convite político que recebeu. Recentemente, em entrevista à revista “Nova Gente”, revelou que foi sondada também pelo Chega para concorrer à presidência de uma câmara, incluindo Lisboa (antes de o apresentador Nuno Graciano ter sido anunciado como cabeça de lista pelo Chega). Mas recusou todos os convites: “Fui sondada múltiplas vezes pelo Chega e não aceitei nenhuma das candidaturas propostas”.

À revista “Sábado”, disse que não gosta de ser comparada a André Ventura, líder do Chega, e que isso é algo que a “incomoda” por ser “uma pessoa de direita que se classificaria de moderada”. Foi convidada pelo PSD, em novembro de 2020, e depois de ter rejeitado o desafio autárquico por ter engravidado e decidido dedicar-se mais à família, acabou por recuar e aceitar o convite, após ter perdido o bebé, no início do ano.

Suzana Garcia já tinha sinalizado os social-democratas para a sua preferência pelas autarquias da Amadora, Loures ou Sintra, mas acabou por optar pela Amadora. A razão ter-se-á devido ao facto de ser um dos concelhos nacionais onde os problemas entre a comunidade e as forças de segurança são crescentes.

Protagonista de inúmeras polémicas sobre racismo e criminalidade

Nascida em Maputo, em Moçambique, depois da independência em 1975, Suzana Maria dos Santos Garcia é oriunda de uma “família de classe alta”, tal como revelou à revista “Sábado”. Filha de um cientista e geólogo, começou por estudar num colégio de freiras na África do Sul, em pleno regime do Apartheid. “Isso marcou-me profundamente e eu era branca”, afirmou em conversa com Rui Unas, no podcast “Maluco Beleza”.

Mudou-se para Portugal com 11 anos e foi estudar para o Colégio São José do Ramalhão, em Sintra (também de freiras). Decidiu seguir advocacia motivada pelo sentido de justiça que lhe foi incutido pelo pai, licenciando-se em Direito na Universidade Católica de Lisboa. Fez a última prova oral do curso “vestida à Marilyn Monroe” e garante que foi “a melhor oral do dia”. “Quando chego aos sítios eu já vou com a atitude para vencer”, disse no podcast “Maluco Beleza”.

Após terminar o curso, foi estagiária do histórico advogado Romeu Francês, que em 2008 foi suspenso pela Ordem por violações graves de deveres profissionais. Mas nunca escondeu a sua profunda admiração pelo “mentor”. Em 2016, foi indicada por dois juristas para integrar o SOS 24, um programa da TVI que precisava de novos comentadores. Aceitou o convite e foi aí que começou a ganhar notoriedade pelos seus comentários contundentes.

Ao longo dos anos foi colecionando polémicas relacionadas com racismo, xenofobia e criminalidade. Afirmou não ter paciência para “parasitas da sociedade”, como o ativista anti-racismo Mamadou Ba, que “vivem estigmatizando questões que, na realidade, não existem”, chamou os cabo-verdianos de “gentalha”, e recebeu várias críticas por promover um discurso considerado populista e xenófobo em canal aberto, na TVI.

“Há pessoas que me adoram e há quem me odeie, mas isso também diz muito das pessoas e do tipo de vida delas. A animosidade exacerbada que possam ter por alguém mostra o perfil patológico da cabeça da pessoa que está a sentir isso”, afirmou no podcast de Rui Unas.

Política? Só com Cristina Ferreira na Presidência da República

Em setembro do ano passado, despediu-se do programa da manhã da TVI, onde comentava notícias sobre crime, alegando que queria dedicar-se a outros projetos que deixou suspensos durante os dois anos em que deu voz à “Crónica Criminal”. Mais tarde veio admitir, à revista “Nova Gente”, que a saída se deveu à entrada da apresentadora Cristina Ferreira como acionista da Media Capital, dona da TVI.

Sem disfarçar o clima tenso com Cristina Ferreira, Suzana Garcia referiu-se à apresentadora por “senhora” e “menininha fresca e fofa”. “A senhora voltou, portanto, essa fragilidade que existia na minha cabeça já não faz sentido, já não há necessidade, porque ela vem com a força toda. Portanto, há muitos mais comentadores que podem fazer aquilo que eu estava a fazer”, referiu à mesma publicação.

Desde então Suzana Garcia tem estado afastada dos holofotes. Chegou a admitir que só avançaria para uma carreira política caso Cristina Ferreira cumprisse a promessa de se candidatar a Presidente da República, tal como chegou a admitir ser a sua vontade.

“Ouvi por aí que há pessoas que têm pretensões políticas e logo para o vértice do nosso Estado de direito. Se, porventura, alguma dessas pessoas, com esses perfis, se arvorarem a fazer isso e não houver em Portugal deputados ou deputadas capazes de fazer o que é necessário para derrubar essa fulana, posso perder a minha alma, mas vou candidatar-me”, disse à “TV Guia”.

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