O Abanca acaba de anunciar, em conferência de imprensa por meios telemáticos, um lucro de 157 milhões de euros no primeiro semestre, o que traduz uma subida de 18% face ao período homólogo do ano anterior.
A margem financeira cresceu 11,1% para 333,6 milhões de euros, ao passo que as comissões cresceram 8,5% para 127,3 milhões. Os resultados de operações financeiras caíram 45,8% para 113,4 milhões. Assim, as receitas recorrentes por produtos e serviços bancários aumentaram 10,4%. Os gastos operacionais diminuíram 3,8%.
As provisões caíram 35% para 76,4 milhões de euros, das quais 81,4 milhões para crédito (uma redução de 49,8%). Houve uma libertação de provisões de 5,4 milhões, o que explica a diferença.
O banco fala em “prudência na gestão do risco, que se traduz numa taxa de cobertura de malparado por provisões de quase 84%”.
“O bom desempenho do Abanca, durante o segundo trimestre deste ano, foi sustentado pela solidez das receitas recorrentes, complementado pelo controlo de custos e contenção do custo do risco”.
“Vamos sair da crise com uma posição de elevada solidez financeira cujos principais pilares são a boa qualidade de sua carteira”, disse a administração do banco espanhol.
O rácio de NPL do Abanca é dos mais baixos do mercado. No semestre é de 1,9%. O banco destaca os elevados níveis de cobertura por imparidades/provisões. Apesar dos sinais de recuperação, o Abanca “continua a ser prudente na constituição de provisões, evidenciado pelo seu custo de risco de 36 pb, o que lhe permite manter as coberturas (83,8%) nos níveis mais elevados do sistema financeiro espanhol apesar de ter a melhor taxa de NPL (1,9%)”.
O Abanca lembra “a sua elevada capitalização (rácio de capital total de 17,3% o que inclui um excedente de 1.573 milhões sobre os requisitos regulamentares) e a sua posição de liquidez confortável (rácio de LTD de 97,4% e 13.287 milhões de euros em ativos líquidos)”.
“Outro marco notável do período foi o forte aumento da atividade seguradora, que duplicou no setor de seguros de automóveis com o lançamento dos primeiros produtos da nova empresa criada em aliança com o Credit Agricole Assurances”, destacam.
Closing da compra do Novo Banco Espanha esperado para até ao fim do ano
“A mesma tendência positiva pode ser observada nas últimas entidades adquiridas, Bankoa e a rede espanhola do Novo Banco, onde a actividade de ambas evolui favoravelmente e os processos de integração decorrem de acordo com o calendário previsto”, diz o banco.
Francisco Botas, CEO do Abanca, disse aos jornalistas que espera fechar a compra do Novo Banco Espanha no 3º ou 4º trimestre deste ano.
No que toca a Portugal, o presidente executivo disse que a sucursal em Portugal tem resultados positivos (embora não tenha avançado nenhum número) e destacou que os negócios de crédito hipotecário e o de fundos de investimento estão a ter uma performance muito positiva.
O resultado em Portugal, segundo o CEO do Abanca, está acima das expectativas.
Em termos de crescimento por aquisições em Portugal, o presidente do banco, Juan Carlos Escotet, respondeu que o mercado é considerado estratégico para o grupo espanhol. Sem especificar, disse que “se surgirem oportunidades teremos uma vocação firme em manter o investimento em Portugal, não só pelo potencial de crescimento mas por causa da credibilidade institucional”.
Nos resultados consolidados, em termos de balanço, o Abanca diz que registaram mais de 103,2 mil milhões em volume de negócios, o que traduz um crescimento homólogo de 16,4%. “Se contabilizarmos o negócio da sucursal espanhola do Novo Banco, este valor ultrapassa os 107 mil milhões (+ 21,2% na comparação anual). Este significativo crescimento foi alcançado com a manutenção do equilíbrio entre crédito e recursos de clientes”, diz o banco.
A carteira de crédito a clientes cresceu 17,1% em termos homólogos (12,4% excluindo o Bankoa, que foi integrado no início de 2021) para 44.426 milhões de euros. Os empréstimos a empresas e famílias, que representam 77% do total, constituem a sua componente maioritária.
“Uma parte fundamental deste bom desempenho tem sido o apoio financeiro prestado às empresas e famílias mais afetadas pela crise. No total, o banco formalizou operações com garantias do Estado num montante de 3.321 milhões de euros e 1.280 milhões de euros em operações de flexibilização (moratórias) para famílias. Das moratórias aplicadas, 52% já expiraram, mas apenas menos de 2% destas foram reclassificadas como crédito duvidoso”, disse a instituição galega.
Os recursos de clientes tiveram um aumento de 16,9% em relação ao mesmo período do ano anterior (11,3% sem o efeito do Bankoa), atingindo 58.040 milhões. Neste capítulo, os depósitos de clientes cresceram 15,0% (11,0% sem incluir o efeito do Bankoa), totalizando 46.393 milhões de euros.
As captações de recursos fora do balanço cresceram 25,0% (12,2% sem incluir o efeito do Bankoa). “Este impulso permitiu à entidade ganhar quota de mercado tanto em fundos de investimento (7 bps) como em planos de pensões (5 bps). O Abanca recebeu 3,4% do total das subscrições líquidas de fundos de investimento no semestre em Espanha”, dizem.
Ao nível da qualidade da carteira de crédito, “o Abanca registou uma redução significativa do crédito em risco em relação a junho do ano passado. Essa redução de 18,5% (23,0% sem o efeito do Bankoa) coloca o rácio de NPL (malparado) do banco em 1,9%, a menor do setor financeiro”, realça a instituição.
Já o rácio Texas (uma medida do risco de crédito de um banco, quanto mais baixo melhor) é de 27,2%, também no topo do sector. “Isto [a par com o rácio de cobertura de 83,8%] faz do Abanca o melhor banco do sistema quanto à qualidade e cobertura da carteira”.
Em termos de solvência, o rácio de capital do Abanca foi de 17,3% (13,2% de capital de qualidade máxima CET1).
O banco apresentou recentemente o seu Plano de Acão de Banca Responsável e Sustentável 2021-2024, que coloca a sustentabilidade no centro da estratégia corporativa do banco e propõe ações em três linhas principais: ambiental, socioeconómica e de boa governação. “Durante o primeiro semestre do ano, foram lançadas as primeiras ações para cumprir os objetivos deste plano, incluindo ser neutro em termos de emissões e ter uma alternativa sustentável para os seus produtos”, dizem.
“Há uma OPA que se está a considerar. Estamos a estudar. Não temos uma decisão definitiva”, afirmou Juan Carlos Escotet Rodríguez quando questionado sobre a oferta pública de aquisição (OPA) que o empresário Mário Ferreira lançou sobre a Media Capital.
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