Apesar de rápido crescimento da economia mundial que se estima para 2021 (ainda esta terça-feira o Fundo Monetário Internacional manteve a sua previsão de 6% de crescimento global no final do ano), esta desenrola-se de forma pouco igual entre países e com várias ameaças, alerta o “The Economist”.
A conjugação da disparidade nas taxas de vacinação entre economias com os desequilíbrios entre procura e oferta e, finalmente, a magnitude dos apoios pandémicos e processo de retirada dos mesmos serão chave para o desempenho económico de cada país, considera a análise da revista norte-americana. Este cenário contribui, sublinham, para que o conjunto dos países mais desenvolvidos do mundo esteja em linha para atingir taxas de crescimento mais elevadas do que as nações mais pobres pela terceira vez nos últimos 25 anos.
O maior risco de sobreaquecimento é visto na economia norte-americana, dada a rápida campanha de vacinação e os fortes estímulos económicos colocados em ação pelo Congresso desde o início da pandemia. Ao contrário da UE, onde o pacote de ajudas é mais pequeno e está a ser ultimado há mais de um ano, os apoios às famílias e empresas nos EUA foram mobilizados logo em 2020 e reforçados já este ano.
Estas abordagens tiveram um papel chave na diferença verificada atualmente entre as variações de preços registadas em ambas as economias, com o “The Economist” a alertar para a pressão inflacionária verificada nos EUA, o que coloca o foco na política monetária da Reserva Federal.
Outro efeito que poderá aquecer a economia norte-americana nos próximos semestres prende-se com o mercado laboral, que vem oferecendo sinais mistos. Apesar de alguns analistas e políticos norte-americanos apontarem as culpas da dificuldade em contratar nos benefícios reforçados e estendidos face à situação de desemprego, a análise nota que países onde tais apoios não existem, como a Austrália, verificam igualmente um desequilíbrio entre a procura e oferta no mercado de trabalho.
Este é outro fator a pressionar os preços na economia norte-americana, tal como na maioria das economias avançadas. Como tal, há o risco de “os legisladores reagirem a inflação temporária e importada, retirando o apoio monetário cedo demais”.
No entanto, para os mercados emergentes, uma subida de taxas pela Fed colocaria uma pressão descendente nas suas próprias divisas, com os investidores a mostrarem maior preferência pelo dólar, o que pode resultar em inflação interna em resultado de uma importada.
Assim, para estas economias é importante que os bancos centrais de mantenham atentos e prontos a subir taxas de referência prontamente, como sucedeu já com Brasil, México e Rússia. “A combinação entre vacinar tarde demais e apertar [a política monetária] cedo demais será dolorosa”, remata a análise.
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