Os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, marcados para a capital chinesa de Pequim, têm gerado um coro de indignação por parte de organizações não governamentais de defesa dos direitos humanos, que pedem o boicote do Ocidente ao evento devido ao tratamento do Governo chinês à minoria étnica uigur.
Como salienta um relatório do Eurasia Group citado pela CNBC, esta pressão coloca as empresas americanas e europeias numa situação delicada, enfrentando críticas por parte do Ocidente pela recusa em tomar uma posição perante o que muitos observadores já apelidaram de genocídio da minoria muçulmana, mas arriscando perder espaço no gigante e crescente mercado chinês.
“Se uma empresa não boicotar estes Jogos, arrisca danos reputacionais junto dos seus consumidores ocidentais. Mas caso decida fazê-lo, arrisca-se a ficar excluída do mercado chinês”, pode-se ler no relatório da consultora de risco político.
O Eurasia Group projetou assim três cenários com diferentes graus de probabilidade.
O mais provável passa por um boicote governamental aos Jogos de Inverno, que deverá ser liderado pelos EUA, no qual altos representantes diplomáticos não comparecerão ao evento. Este cenário é visto com 60% de probabilidade e levaria mais aliados americanos a juntarem-se, exceto os presentes na Ásia-Pacífico, como Japão, Coreia do Sul e Austrália, para quem a proximidade do território chinês cria uma dinâmica diferente.
O segundo cenário mais provável, ao qual é atribuído 30% de possibilidade de se concretizar, passa por um boicote desportivo. Neste caso, os países que optem pelo boicote poderão impedir os seus atletas de participar na prova, mas a retaliação de Pequim será certamente mais pesada, podendo a situação facilmente escalar para um boicote económico do evento.
O último cenário, com apenas 10% de probabilidade, passa por não se verificar nenhum boicote formal.
“Pequim quase de certeza retaliará contra qualquer país envolvido num boicote”, afirmam os analistas da consultora. “A resposta direta de Pequim a um boicote diplomático será provavelmente um boicote recíproco a eventos do Ocidente, bem como sanções junto dos maiores promotores desta medida”, continua a citação da CNBC.
O documento surge depois de ter sido emitida uma declaração conjunta entre EUA, Canadá e Reino Unido a repudiar o programa de repressão da minoria uigur na província de Xinjiang, de onde têm surgido relatos nos últimos anos de campos de reeducação, trabalho e esterilizações forçadas, e no rescaldo da polémica entre H&M e Pequim.
A marca de roupa, juntamente com a Nike, foi visada nas redes sociais chinesas depois de terem surgido declarações antigas a manifestar preocupação com os indícios de trabalho forçado na região. Como represália, ambas as marcas foram banidas das aplicações de e-commerce chinesas.
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