A abertura das portas da União Europeia aos países que fizeram parte da Cortina de Ferro – que tinha por função ser a primeira fronteira e se necessário a primeira zona de defesa da antiga União Soviética – foi uma decisão que a própria União se impôs depois de ter sido um dos contribuintes líquidos para o fim do mundo comunista. De algum modo, não podia ser de outra maneira: depois de décadas a acenar-lhes com os benefícios, todos eles felizes, da sociedade de consumo ocidental – a vontade de poder sujar uma camisa Yves Saint Lorent com o molho de um hambúrguer da McDonald’s teve mais impacto no fim do comunismo que o medo suscitado pelos mísseis Pershing-2 instalados no antigo território da República Federal da Alemanha – a Europa Ocidental não podia impedir a sua congénere Oriental de se sentar à mesa do banquete.
Há quem diga que foi uma precipitação: é que, atrás da rejeição do comunismo como princípio político, escondia-se uma visão redutora ou apenas simplesmente pouco esclarecida do que deve ser a democracia, e os choques entre dois mundos separados por décadas de um passado civilizacional divergente fizeram sentir-se em pouco tempo. E ainda hoje se sentem: não é por acaso que Bruxelas, apesar de todos os esforços despendidos, não consegue silenciar as tentações autocráticas sobejamente reconhecidas nas sociedades húngara, polaca, búlgara ou eslovena, entre outras.
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