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Macron mantém tabu de candidatura presidencial mas responde aos rivais

Emmanuel Macron ainda não disse que voltará a concorrer às presidenciais francesas de 2022, mas respondeu à candidata de direita Valérie Pécresse, que o havia acusado de aproveitamento político da presidência francesa da União Europeia.
9 Dezembro 2021, 23h11

Após apresentar no Palácio do Eliseu as prioridades francesas para a presidência do Conselho da União no próximo semestre, Macron foi confrontado com a reclamação de Valérie Pécresse, candidata da direita gaullista que sondagens recentes colocam à sua frente, de poder vir a acumular em breve a presidência francesa e a candidatura presidencial às eleições de abril, além de estar à frente dos destinos europeus.

“Os desafios aos quais somos confrontados, quer sejam sanitários, migratórios, energéticos, implicam escolhas […] Qual é a data em que se deve parar de trabalhar democraticamente? É o fim do mandato. Eu vou trabalhar até ao fim do meu mandato”, disse o presidente Emmanuel Macron, em conferência de imprensa. “Vou agir como presidente até ao fim”, garantiu.

Apesar de o foco do encontro ser sobre a União, Macron abordou também com os jornalistas a situação política em França, onde a maior parte dos candidatos presidenciais já se apresentou.

Interpelado sobre o candidato de extrema-direita Eric Zemmour, Macron ressalvou que serão os franceses a escolher o próximo ocupante do Eliseu, mas deixou um alerta. “Só vou dizer uma coisa. O nosso país é um antigo país feito de valores, cultura, combates e que sempre melhorou quando reconheceu os seus defeitos […] Quando os maus ventos se levantam, é legítimo que certas vozes se exprimam, mas as nossas instituições têm de continuar a guiar o país. Não caímos no racismo, no antissemitismo, nem pomos em causa os nossos valores ou a manipulação na nossa história”, defendeu.

Quanto à sua própria candidatura ao Eliseu, que muitos analistas consideram que só deve ser apresentada em fevereiro de 2022, Macron brincou com os jornalistas, questionando-os se estavam “obcecados com isso”, e declinou responder.

O papel das instituições é “apoiar o país com calma e autoridade”, disse o presidente francês.

A presidência francesa do Conselho da UE, cujos principais objetivos foram hoje apresentados pelo chefe de Estado francês, vai ter entre as suas prioridades o crescimento económico e, para investir mais em grandes projetos comuns, deverá haver exceções às regras orçamentais instituídas pelos tratados, nomeadamente a regra do défice de 3%, suspensa durante a pandemia, disse Macron.

“Estes novos investimentos devem ser integrados nos nossos quadros orçamentais, portanto precisamos de uma discussão estratégica de como enquadrar os investimentos mais favoráveis e repensar as nossas regras orçamentais nessa perspetiva”, detalhou o Presidente durante uma conferência de imprensa no Palácio do Eliseu.

“Vamos ter de começar a construir um quadro financeiro credível, transparente, capaz de transmitir a ideia de uma Europa forte, justa e sustentável […] Vamos refletir com os estados-membros sobre este tema. Durante a pandemia pusemos entre parênteses a aplicação das nossas regras orçamentais comuns […] e não podemos agir como se nada se tivesse passado”, disse Emmanuel Macron.

De forma a concretizar esta visão, a França vai realizar entre 10 e 11 de março uma cimeira de chefes de Estado sobre o novo modelo europeu de crescimento e investimento.

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