A Rússia advertiu esta segunda-feira que as “provocações” da NATO, que acusou de aumentar consideravelmente a sua presença junto às fronteiras russas em 2021, podem desembocar num conflito militar.
“Recentemente, a Aliança Atlântica passou à prática das provocações diretas, o que envolve um elevado risco de escalada num conflito militar”, declarou Alexandr Fomin, vice-ministro da Defesa russo, durante uma reunião com adidos militares e representantes de embaixadas estrangeiras.
Deu como exemplo que o contratorpedeiro britânico Defender estava a ser escoltado por um avião de reconhecimento norte-americano RC-135 quando entrou em águas territoriais russas em junho passado, ao largo da Crimeia.
Fomin denunciou que os voos dos serviços secretos aliados aumentaram este ano cerca de 60%, de 436 para 710, enquanto as aparições de aviões estratégicos dos Estados Unidos no mar Negro também aumentaram de 78 para 92.
“A distância mínima da fronteira russa no flanco ocidental da Crimeia foi de 15 quilómetros”, precisou.
No total, segundo o vice-ministro, a NATO realizou 15 dias de manobras no mar Negro, mais sete que em 2020, e ocorreram 30 incursões de navios aliados, contra as 23 do ano passado.
O porta-voz da Defesa russa denunciou também que o bloco euro-atlântico organizou 30 manobras com a Rússia como inimigo e que na Europa de Leste se encontram destacados quase 13.000 militares de países exteriores à região, que dispõem de cerca de 200 tanques e 400 blindados, além de aviões e helicópteros.
“O desenvolvimento militar do bloco foi totalmente redirecionado para a preparação de um conflito armado em grande escala e de alta intensidade com a Rússia”, lamentou.
Acusou a NATO de optar por métodos híbridos para a “contenção militar” da Rússia e considerou que a expansão aliada para leste em 1999 e 2004 danificou a arquitetura da segurança europeia.
Considerou igualmente que um dos motivos do “fiasco” da NATO no Afeganistão foi precisamente a recusa em coordenar as suas ações com a Rússia em matéria de luta antiterrorista.
Tudo isto, segundo Fomin, obriga a Rússia a defender firmemente perante os aliados a necessidade de garantias de segurança vinculativas que impeçam o alargamento do bloco para leste e o destacamento de armamento ofensivo perto da fronteira russa.
Na semana passada, na sua conferência de imprensa anual, o Presidente russo, Vladimir Putin, exigiu que a NATO dê “imediatamente” garantias a Moscovo, nas negociações que deverão começar depois dos festejos de Ano Novo na Rússia, a 10 de janeiro.
“Acaso pusemos mísseis perto da fronteira dos Estados Unidos? Não! Foram os Estados Unidos que vieram a nossa casa com os seus mísseis e já estão na soleira da porta. Como reagiriam os norte-americanos se, de repente, posicionássemos os nossos mísseis na fronteira entre o Canadá e os Estados Unidos ou na fronteira entre o México e os EUA?”, sustentou.
No domingo, em declarações à televisão pública russa, Putin assegurou que, caso a NATO não dê ouvidos à razão, se reunirá com os especialistas militares para os consultar sobre as medidas a tomar, embora insistindo que o Kremlin procura uma “solução diplomática e negociada”.
Na semana passada, a Rússia propôs à NATO a assinatura de um acordo de garantias de segurança que impedisse a entrada no bloco aliado de países pertencentes à antiga União Soviética e instou também os aliados a desistir de toda a atividade nas imediações russas, da Europa de leste até ao Cáucaso e à Ásia central.
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