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Legislativas: António Costa insiste na bipolarização com PSD

Num debate limitado pelo tempo, o salário mínimo acabou por ser um tema em destaque, com o secretário-geral do PS a reafirmar o objetivo de chegar aos 850 euros em 2025 (hoje, está nos 705 euros) e Rui Tavares apontou para mil euros no final da legislatura.
2 Janeiro 2022, 21h55

O secretário-geral do PS, António Costa, insistiu na bipolarização política nas próximas eleições legislativas, sublinhando que a escolha será entre ele e o presidente do PSD, Rui Rio, e pediu uma maioria parlamentar para garantir a estabilidade da governação.

No primeiro debate televisivo entre candidatos às eleições legislativas, transmitido este domingo, frente a Rui Tavares, fundador do Livre, António Costa criticou Rui Rio por o PSD ter recusado o aumento do salário mínimo, mas também acusou os partidos à esquerda, responsabilizando-os pela crise política que levou à antecipação das eleições.

“[A escolha] é entre progresso ou regresso à austeridade”, afirmou. “Uma coligação à direita em que o PSD fica dependente dos liberais ou da extrema-direita é um retrocesso”, avisou.

“Não podemos ficar na dependência dos humores dos outros partidos”, acrescentou ainda.

Rui Tavares, por seu turno, criticou Costa por não ter assinado um acordo que sustentasse a “geringonça” (a associação ao PCP e ao BE) até ao final da legislatura e alertou que um governo de um único partido não será solução para a “armadilha dos salários mais baixos”. Afirmou, também, que um dos riscos do pedido de maioria absoluta é “acabarmos daqui a um tempo com um bloco central”.

Tavares propôs um “pacto”, pré-eleitoral, para uma “maioria social, progressista e ecológica”, que possa concretizar “uma nova agenda para o novo modelo de desenvolvimento” de Portugal, mas não obteve uma resposta positiva de Costa.

No debate, António Costa voltou a dizer que sairá de secretário-geral do PS se perder as eleições.

Salário mínimo tem aumento prometido

Num debate limitado pelo tempo, com menos de 25 minutos divididos pelos dois contendores, o salário mínimo acabou por ser um tema em destaque, com o secretário-geral do PS a reafirmar o objetivo de chegar aos 850 euros em 2025 (hoje, está nos 705 euros). “Temos de aumentar os salários 20% nos próximos quatro anos”, disse, acrescentando, também, que é necessário aumentar o salário médio.

Rui Tavares defendeu um aumento gradual do salário mínimo para chegar aos mil euros no final da legislatura, em 2026, alertando para o risco da diferença salarial que existe com Espanha.

Este foi primeiro de 30 debates televisivos entre os responsáveis dos partidos candidatos às próximas legislativas que obtiveram representação parlamentar nas últimas eleições.

Os debates decorrerão entre 2 e 15 de janeiro.

As eleições legislativas foram antecipadas, depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter decidido pela dissolução da Assembleia da República, na sequência do chumbo da proposta de orçamento do Estado para 2022.

A proposta de orçamento do Estado para 2022 foi chumbada a 27 de outubro de 2021, na votação na generalidade, com os votos contra do PSD, CDS-PP, Chega, Iniciativa Liberal, à direita, mas também do PCP, do PEV e do Bloco de Esquerda. O PS votou a favor e o PAN e as duas deputadas não inscritas abstiveram-se.

Esta foi a segunda vez, em democracia, que a proposta de orçamento do Estado foi chumbada, mas a primeira em que, em consequência, foi dissolvida a Assembleia da República.

Ouvidos os partidos com assento parlamentar e o Conselho de Estado Marcelo Rebelo de Sousa assinou, a 5 de dezembro, o decreto de dissolução da Assembleia da República e convocou eleições legislativas para o dia 30 de janeiro de 2022.

A campanha eleitoral realiza-se entre 16 e 28 de janeiro.

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