A Fundação José Neves, criada pelo CEO da Farfetch para atribuir bolsas de estudo e transformar Portugal numa sociedade de conhecimento, vai lançar em meados de fevereiro um guia para as empresas conhecerem as principais vantagens de investir na qualificação e formação dos seus trabalhadores, revelou esta quinta-feira o presidente executivo da instituição.
“O principal entrave é dizerem que têm falta de tempo. É verdade. A segunda, tipicamente, são as questões financeiras. A fundação tem um programa de bolsas [5 milhões de euros] que pode ajudar nesta situação. Depois, é a própria relação com a empresa. É preciso um diálogo entre as pessoas e as empresas”, explicou Carlos Oliveira, na conferência “Building The Future”, que está a decorrer até amanhã em formato híbrido.
“Em conversas com a OCDE percebemos que até houve uma diminuição, em Portugal e nalguns países europeus, dos apoios das empresas à formação dos colaboradores”, alertou o dirigente associativo, na sessão “Long Life Tech Learners”, moderada por Ana Leonor Martins, da Human Resources Portugal.
O vice-presidente da direção do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) defendeu que é necessária uma clarificação dos ganhos de cada um dos stakeholders (trabalhadores, patrões e país) com o investimento de capital e tempo na formação. Ou seja, mostrar aos cidadãos e às organizações o que efetivamente ganharão com essa aprendizagem extra.
Ainda assim, António Leite mostrou-se crente de que este poderá ser um ano de viragem nesse capítulo. “A nossa maior preocupação com o emprego mais digital, com o apoio das confederações empresariais, é chegar às pequenas empresas. O tempo que corre é difícil porque na pandemia não conseguiam fazer formação por não estarem a trabalhar e agora não a conseguem fazer por estarem a trabalhar, mas é preciso que se perceba que é de facto necessário. Estamos otimistas para o que vai acontecer em 2022”, afirmou.
Segundo a presidente do ISEG – Lisbon School of Economics & Management, Clara Raposo, há várias empresas em Portugal que têm consciência da necessidade de atualização de formação das suas equipas para se tornarem empregadores mais atrativos, mas “é preciso ter uma ação mais concertada” em relação à formação.
“É preciso ter uma visão de longo prazo. Visões de quatro anos não mudam nada na educação. Até 2040 espera-se que 90% dos jovens terminem uma formação superior com empregabilidade e para isso tem de haver trabalho contínuo”, completou Carlos Oliveira, neste evento.
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