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Livro ‘Calçada Madeirense’ realça património cultural e geológico da Madeira

O livro, que já tinha começado a ser pensado desde 2004, mas apenas publicado em 2022 com o apoio da ALRAM, trata-se de um trabalho científico realizado em conjunto pelos investigadores João Baptista, engenheiro geólogo, Celso Gomes, professor de Ciência Geológicas e de José Luís de Gouveia e Freitas, matemático, falecido recentemente.
27 Março 2022, 10h30

O livro ‘Calçada Madeirense’ foi apresentado no salão noble da Assembleia Legislativa da Madeira (ALRAM), como sendo uma “referência histórica e patrimonial” da Região Autónoma da Madeira, nomeadamente no que diz respeito às características geológicas “singulares” das ilhas.

O livro, que já tinha começado a ser pensado desde 2004, mas apenas publicado em 2022 com o apoio da ALRAM, trata-se de um trabalho científico realizado em conjunto pelos investigadores João Baptista, engenheiro geólogo, Celso Gomes, professor de Ciência Geológicas e de José Luís de Gouveia e Freitas, matemático, falecido recentemente.

“Por vezes, a Calçada Madeirense é confundida com a Calçada Portuguesa, apesar de ambas serem muito distintas. A Calçada Madeirense utiliza essencialmente pedra rolada, seixo e/ou calhau, e pedra navalheira, peculiaridades que a distinguem de qualquer outra Calçada”, explicam os autores do livro.

João Baptista, um dos autores do livro, salientou na sessão de apresentação do livro na ALRAM, na passada quinta-feira, dia 24 de março, o “caráter interdisciplinar” da obra, enumerando algumas referências históricas que serviram de base para a sua pesquisa: “Nos séculos XV – XVI já se executavam pavimentos com materiais pétreos, essencialmente de calhau rolado, recolhidos em praias do arquipélago da Madeira. As descobertas ocorridas nas escavações arqueológicas realizadas em 1989, na praça Cristóvão Colombo e no atual edifício do Tribunal de Contas, Secção Regional da Madeira e, ainda, nas escavações realizadas entre 2013 e 2016, no Largo do Pelourinho, nas obras de recuperação do edifício da Junta de Freguesia de Machico realizadas em 2000, e nas escavações realizadas nas cozinhas do Convento de Jesus e no Pátio do Museu de Aveiro, em 2001”.

O autor enalteceu ainda o trabalho dos calceteiros no estabelecimento da identidade e património cultural da região: “Do Arquipélago da Madeira saíram grandes mestres calceteiros que levaram para longínquos territórios, na procura de melhores condições de vida ou por espírito de aventura, a sua arte de saber bem conceber e construir pavimentos com elementos pétreos rolados recolhidos em praias, desde a descoberta do chamado ‘Novo Mundo’, e mais tarde, no século XX, para o Brasil, Curaçau, África de Sul, Venezuela e Havai”, explicou.

Por sua vez, o presidente da Assembleia da Madeira, José Manuel Rodrigues, deixou uma palavra sobre o falecido autor do livro, José Luís de Gouveia e Freitas: “A melhor homenagem que podemos prestar ao José Luís é precisamente que este livro tenha a maior divulgação possível, porque ele também é fruto do seu trabalho”, realçou.

José Manuel Rodrigues felicitou também o trabalho dos autores, o qual “passa a ser uma referência na divulgação do nosso património cultural, em particular do património geológico”, enaltecendo a “originalidade” da obra na divulgação da “singularidade do nosso património”, a qual “faltava divulgar, inventariar, estudar e conhecer”.

“Hoje na nossa casa projetamos a nossa história e hoje também se faz História”, concluiu o presidente da ALRAM.

O secretário regional de Turismo e Cultura, Eduardo Jesus, também marcou presença na sessão, começando por “felicitar a Assembleia Legislativa da Madeira pelo conjunto de iniciativas realizadas em prol da Região Autónoma da Madeira”.

Em relação à obra ‘Calçada Madeirense”, o governante destacou “a importância de colocar junto da população o produto da investigação científica”, sendo que esta obra consegue “transformar a investigação da academia num documento que é desejado, que convida a população a conhecer mais a sua história, é um serviço que está a ser prestado à cultura da Região Autónoma da Madeira”.

Eduardo Jesus afirmou ainda em conclusão que “esta identidade permite a construção de um património que nos faz distinguir. É através da identidade que despertamos o interesse daqueles que nos visitam”.

 

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