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Empregadores consideram trunfo uma pós-graduação

Empregadores valorizam currículos especializados quando recrutam para cargos de alta responsabilidade nas empresas. A importância reflete-se nos salários.
23 Abril 2022, 11h00

Os recém-licenciados que apresentem uma pós-graduação no currículo recebem, em média, 18% mais e superam em 11% o índice de empregabilidade face a candidatos que possuam apenas licenciatura, conclui um estudo conduzido pela Higher Education Statistics Agency do Reino Unido, referente a 2021.

A importância de deter uma pós-graduação no curriculum que este estudo revela, é, de facto, um factor, valorizado no dia-a-dia pelas empresas de recrutamento especializado Michael Page e Gi Group e pela tecnológica Opensoft, que está permanentemente a criar emprego especializado.

“Num mundo cada vez mais competitivo no que respeita ao talento nas organizações, o recrutador tem de estar atento a todos os detalhes do CV de um candidato”, afirma Filipa Jesus, responsável de RH na Opensoft, ao Jornal Económico. “A formação académica é uma base importante para um percurso profissional promissor e na Opensoft valorizamos muito a formação dos nossos candidatos”.

Na perspetiva de Filipa de Jesus, a formação especializada, como as pós-graduações, é interessante, porque permite ao candidato aperfeiçoar os seus conhecimentos e ter uma vantagem competitiva face aos demais candidatos. Para posições como analista funcional e engenheiros de software será mesmo uma mais valia uma especialização na área de gestão e da engenharia.

Esta empresa portuguesa especializada no desenvolvimento de soluções tecnológicas está atualmente a fazer uma ronda pelas universidades para recrutar 20 novos colaboradores, sobretudo engenheiros de software. Para tal, vai apresentar as suas oportunidades de emprego e estágios em feiras de emprego. A próxima é a Jobshop Ciências na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

A perspetiva do recutador
Michael Page e Gi Group, empresas que operam na área do recrutamento especializado, têm uma perspetiva idêntica à da Opensoft sobre a importância do candidato deter uma pós-graduação no curriculum.

André Salgueiro, business manager de search & selection da Gi Group, começa por dizer ao Jornal Económico que “um investimento numa carreira universitária, nomeadamente na área de Gestão, é uma alavanca importante no crescimento profissional e no alinhamento com novas oportunidades”.

Para este responsável, candidatos que seguiram um percurso académico especializado, quer seja nas áreas financeiras, de gestão ou outras, têm perfis “muito requisitados” pelas empresas, ficando sublinhado, especificamente, a importância de uma pós-graduação para posições de “Middle ou Top Management ou que tenham um alinhamento de liderança transversal às diversas áreas da organização”. Tendencialmente, as pós-graduações em gestão juntam competências que, na opinião do responsável, “tornam mais fácil a compreensão dos desafios que as organizações enfrentam”, sendo por isso natural que perfis que apresentem estas valias tenham uma “atratividade acrescida”.

Se os cargos disponíveis nas empresas forem considerados “posições-chave”, a importância de um candidato com uma pós-graduação em gestão sobe consideravelmente. As empresas procuram pessoas com “competências de gestão devidamente aprimoradas”, que resultem num colaborador qualificado e com um percurso académico sólido, de forma a diferenciar-se dos seus pares e, assim, “obter melhores oportunidades de emprego, promoção profissional ou salarial”, justifica André Salgueiro.

Também no campo das engenharias, um dos que apresenta maior perspectiva de crescimento e onde a procura por talento supera a oferta, a formação em gestão acrescenta competências que tornam um perfil especializado num perfil “mais transversal e adaptado à estratégia dos agentes económicos”, explica. “Esse acréscimo de competências, associadas à formação sólida que as universidades portuguesas proporcionam, que é notória para todos, recrutadores e empregadores – cria profissionais muito requisitados”, afirma.

O responsável da Gi Group, conclui ao dizer que a especialização é importante e há “inúmeras áreas com uma procura muito expressiva, mas uma coisa não muda: a formação em gestão é um selo de garantia que o mercado reconhece e aprova”.

Por seu turno, Licínia Pinto, consultora na empresa de recrutamento Michal Page, explica ao Jornal Económico que a gestão “ganha espaço nas organizações”, sendo um dos principais motes para o alcance da competitividade no mercado de trabalho.

“As empresas procuram perfis especializados, de modo a dar resposta à automatização e ao avanço na tecnologia”, justifica. Aqui, apresentar uma especialização em forma de pós-graduação pode ser determinante na preparação para a liderança.

Na perspetiva desta responsável, a pós-graduação é uma forma das empresas confirmarem que, determinado perfil, possui um importante indicador de consolidação de conhecimentos. “Numa fase inicial de carreira, quer os candidatos, quer as empresas, procuram operacionalidade na função, pelo que a formação base técnica apresenta-se como fator diferenciador na procura do candidato”, conclui a responsável da Michael Page.

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