As tensões geopolíticas e o desacelerar das economias dos mercados emergentes estão a pressionar a economia mundial, levando o Fundo Monetário Internacional (FMI) a cortar ligeiramente as projeções económicas para este ano.
No “World Economic Outlook” (WEO), divulgado esta segunda-feira, a instituição presidida por Kristalina Georgieva projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) mundial cresça 3,3% este ano, menos uma décima do que no anterior relatório, publicado em outubro.
O FMI prevê ainda que a economia mundial tenha crescido 2,9% em 2019, menos uma décima do que nas previsões anteriores, e tenha uma expansão de 3,4% em 2021.
“A revisão em baixa reflete principalmente surpresas negativas sobre a atividade económica em algumas economias dos mercados emergentes, principalmente a Índia, o que levou a uma revisão das projeções económicas para os próximos dois anos. Em alguns casos, essa revisão também reflete o aumento da agitação social”, refere a instituição.
O FMI identifica pelo lado positivo “os sinais hesitantes de que atividade da indústria e o comércio global estão a chegar ao fundo do poço”, por uma política monetária acomodatícia, “notícias favoráveis intermitentes sobre as negociações comerciais entre os EUA e a China” e a diminuição de receios de um Brexit sem acordo.
Estes fatores refletiram-se num menor ambiente de risco identificado na altura do WEO de outubro, mas “poucos sinais de reviravolta são ainda visíveis nos dados macroeconómicos globais”.
“O perfil de crescimento também se apoia nas economias dos mercados emergentes relativamente saudáveis mantendo o desempenho robusto mesmo que as economias avançadas e a China continuem a abrandar gradualmente em direcção às taxas de crescimento potencial”, destaca.
Crescimento nos EUA desacelera para 2% em 2020
O FMI vê a economia norte-americana a crescer menos este ano. No WEO, a instituição projecta uma expansão de 2,3% em 2019, desacelerando para 2% este ano, menos uma décima do que no relatório anterior, refletindo um regresso uma orientação fiscal neutra e antecipando menos suporte a uma flexibilização das condições financeiras.
Já a zona euro, deverá crescer 1,3% este ano, recuperando ligeiramente dos 1,2% de 2019, enquanto o crescimento da economia britânica deverá desacelerar de 1% no ano passado para 0,7% este ano.
Entre os mercados emergentes, a China deverá ter crescido 6,1% no ano passado e 6% em 2020, com a instituição ligeiramente mais otimista face às projeções de outubro (duas décimas).
“Prevê-se que a recuperação global seja acompanhada por uma recuperação do comércio internacional (embora mais modesto que nas projecções de outubro), reflectindo particularmente uma recuperação da procura interna e do investimento, assim como o desaparecimento de alguns entraves temporários nos setor automóvel e tecnológico”, realça.
Riscos continuam descendentes
O FMI identifica que os riscos globais continuam descendentes, mas “menos proeminentes” do que no relatório anterior, destacando que os efeitos positivos do acordo parcial assinado entre os Estados Unidos e a China.
No entanto, aponta o crescimento das tensões geopolíticos, nomeadamente entre os Estados Unidos e o o Irão, “podem interromper a cadeia mundial de procura de petróleo” e tornar mais fraco o investimento empresarial.
Identifica ainda um intensificar da tensão social em muitos países, “refletindo, em muitos casos a erosão da confiança nas instituições estabelecidas e a falta de representação nas estruturas governamentais”.
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