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Deco quer que Governo adote rótulo para os bons alimentos

Uma investigação conduzida pela DECO revela que 59% dos inquiridos não conseguem, ou acham difícil, perceber se a informação no rótulo nutricional está completa, quatro em 10 têm dificuldade em interpretá-lo, com dois décimos dos portugueses a afirmar que não conseguem entender o impacto da alimentação na saúde.
3 Maio 2021, 17h30

A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO) quer que o Governo adote o ‘Nutri-Score’ – logótipo nutricional colorido na frente das embalagens que ajuda os consumidores a escolherem alimentos mais saudáveis. Para tal, vai entregar um dossiê aos grupos parlamentares e ao Governo para exigir o Nutri-Score como esquema de informação nutricional oficial em Portugal.

Uma investigação conduzida pela DECO revela que 59% dos inquiridos não conseguem, ou acham difícil, perceber se a informação no rótulo nutricional está completa, quatro em dez têm dificuldade em interpretá-lo, com dois décimos dos portugueses a afirmar que não conseguem entender o impacto da alimentação na saúde.

Interpretar o valor nutricional de um alimento embalado pode ser um quebra-cabeças devido à lista de ingredientes e tabelas nutricionais, que embora relevantes, são complexas, difíceis de interpretar e exigem tempo de análise.

Alguns estudos citados pela DECO provam que o Nutri-Score é um esquema intuitivo. É bem compreendido por pessoas com poucos conhecimentos em nutrição e com baixo nível socioeconómico, o que torna o Nutri-Score uma ferramenta que ajuda a combater as desigualdades sociais . O logótipo já foi adotado, de forma voluntária, em sete países europeus, reunindo o apoio de várias associações de consumidores e o consenso entre centenas de cientistas e profissionais da área da saúde.

Dulce Ricardo, coordenadora da área alimentar na DECO, afirma que “se queremos que os consumidores comam melhor, com mais qualidade, diversidade e mais equilibradamente, temos de ajudá-los a interpretar os rótulos nutricionais e escolher os melhores produtos”. “Temos de entregar mais informação ao consumidor, que ele consiga decifrar imediatamente quando olha para o rótulo, daí que, para uma organização como a DECO, o Nutri-Score seja fundamental e a sua adoção seja essencial no nosso país”, conclui.

Em Portugal existem 5,9 milhões de pessoas com excesso de peso e o número de diabéticos ascende a um milhão. Tanto a obesidade, como a diabetes, são doenças crónicas associadas a uma alimentação inadequada.

O que é o ‘Nutri-Score’ e como funciona

Em Portugal, algumas embalagens alimentares já têm o Nutri-Score. O logótipo retangular na frente das embalagens está dividido em cinco cores, à quais correspondem letras: verde – A, verde-claro – B, amarelo – C, laranja – D e vermelho – E. Os alimentos são classificados de acordo com o respetivo perfil nutricional. Os A e B podem ser consumidos mais regularmente, enquanto os que têm a classificação entre C e E devem ser consumidos de forma mais moderada.

O sistema consiste na atribuição de pontos consultando para isso a composição nutricional por 100 g ou 100 ml do produto e ainda a lista de ingredientes. Os pontos positivos incluem a proporção de fruta, legumes, leguminosas, frutos secos, azeite e óleo de colza e noz, tal como o teor em fibras e proteínas. Níveis elevados são considerados bons para a saúde. Os pontos negativos incluem energia (calorias), teor em gordura saturada, açúcares e sal. Níveis elevados são considerados prejudiciais à saúde.

O Nutri-Score foi proposto por uma equipa francesa de investigação em nutrição pública, liderada por Serge Hercberg, médico com especialização em epidemiologia e nutrição. É, desde 2017, a escolha da autoridade de saúde francesa, aplicável aos alimentos transformados e pré-embalados, incluindo bebidas não alcoólicas, para colocar na frente dos rótulos.

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