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General Bento dos Santos ‘Kangama’ libertado, mas proibido de sair de Angola

O general angolano Bento dos Santos Kangamba, detido no sábado, 29, na província de Cunene, acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola de burla por defraudação, foi libertado nesta segunda-feira, 2 de Março, sob termo de identidade e residência. Ficou impedido de sair do país.
3 Março 2020, 12h21

O general Bento dos Santos “Kangamba”, sobrinho por afinidade do antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos, foi libertado com termo de identidade e residência, após a detenção no passado sábado, 29 de março, na província do Cunene, no sul de Angola, quando alegadamente tentava fugir para a Namíbia. Em causa estão  indícios de “prática do crime de burla por defraudação”, segundo as autoridades angolanas, tendo o general  sido detido neste sábado na província do Cunene, no sul de Angola, quando alegadamente tentava fugir para a Namíbia.

Segundo o site da Angola Voz da América (VOA), Kangamba foi interrogado durante cerca de duas horas na Direção Nacional de Investigação e Ação Penal da PGR de Angola, antes de receber a medida de coação. Bento dos Santos foi libertado com termo de identidade e residência, mas ficou impedido de sair de Angola.

Em comunicado, as autoridades angolanas, avançaram neste sábado que na operação de detenção do tenente general das Forças Armadas de Angola (FAA)  foram também apreendidas uma pistola e um valor ainda por determinar de Kwanzas (moeda angolana) e Rands (moeda da África do Sul).

“Empresário, membro do Comité Central do MPLA e durante o consulado de Santos, particularmente nos últimos anos, responsável pela mobilização do partido em Luanda, Bento dos Santos Kangamba responde a um processo movido pelos cidadãos Bruno Gerardin e Teresa Gerardin , que emprestaram ao empresário, em 2017, 15 milhões de dólares (cerca de 14 milhões de euros)”, acrescenta o VOA.

O general pagou faseadamente 12 milhões de euros, faltando três milhões de euros. O atraso da última tranche levou com que a Teresa Gerardin recorresse pela intervenção da justiça.

Em outubro passado, o Tribunal Provincial de Luanda ordenou o confisco de bens de Bento Kangamba, por incumprimento de pagamento de uma dívida avaliada em cerca de 15 milhões de dólares. Mas Bento Kangamba não liquidou, em tempo útil, uma dívida contraída aos cidadãos Teresa Gerardin e Bruno Gerardin, que recorreram ao poder judicial para o ressarcimento dos seus direitos.

Entre os bens que o Tribunal ordenou o arresto estão prédios rústicos designados por lotes G13 e G14, numa área de 674 metros quadrados, localizada na comuna da Chicala, Distrito da Ingombota, município de Luanda. Ainda entre os bens arrestados está também o prédio número 255, localizado na Ingombota, quatro veículos, sendo dois de marca Mercedes Benz, Modelo ML 6.3 AMC, fabricado em 2007 e outro de Modelo Benz, motor V8, fabricado em 2011, um Nissan Patrol e um Hyundai, de modelo Santa Fé.

Na sexta-feira, 28, a DNAIP intimou Kangamba para se apresentar na PGR no dia próximo dia 5, mas foi detido no sábado, 28, alegadamente por tentar fugir para Namíbia.

A defesa do general desmentiu essa versão e disse que Kangamba deslocava-se de Cunene para Namibe.

Bento “Kangamba” é sobrinho por afinidade do antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos, é dono do clube de futebol Kabuscorp e foi dirigente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).

No passado, o general tem um histórico com autoridades judiciais internacionais. Chegou a ser acusado de tráfico de mulheres pela justiça brasileira e o seu nome esteve também envolvido numa investigação em França sobre o destino de três milhões de euros apreendidos no sul de França e que, alegadamente, se destinava ao general, que estava no Mónaco.

A 7 de Maio de 2012 , um tribunal de Sintra, Portugal, ordenou a penhora de bens detidos por Bento Kangamba para a execução de uma dívida de mais de um milhão de euros ao cidadão português Manuel Lapas. Entre os bens penhorados constavam um apartamento de Bento Kangamba na freguesia de Oeiras, duas viaturas de luxo Mercedes-Benz e seis contas bancários no Millenium e Banco Espírito Santo, com um valor de apenas  €15.035.

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