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Tensões escalam entre Turquia e Grécia à medida que milhares de migrantes tentam chegar à Europa

Depois da abertura das fronteiras neste fim de semana, as Nações Unidas registaram cerca de 13 mil refugiados na fronteira entre a Turquia e a Grécia. No domingo, segundo a imprensa francesa, juntaram-se mais dois mil refugiados no mesmo local. Erdogan pede à União Europeia que “tome a sua parte do fardo” que é o acolhimento de migrantes.
REUTERS/ALEXANDROS AVRAMIDIS
3 Março 2020, 16h14

Cerca de 15 mil de migrantes estão reunidos na fronteira da Turquia com a Grécia, depois do governo turco ter permitido, no domingo passada, a passagem de refugiados para a Europa. O Governo de Erdogan justificou a decisão dizendo que o país “havia atingido sua capacidade” chantajando o governo grego a abrir as suas fronteiras.

Porém, estas continuam fechadas. Só na noite de sábado para domingo chegaram a Lesbos pelo menos 400 pessoas em oito barcos, e 58 chegaram a Quios, outra ilha do mar Egeu, segundo a televisão grega Skai. As autoridades gregas reagiram com gás lacrimogéneo, disparos e com a suspensão dos pedidos de asilo resultando numa escalada de tensões entre os migrantes e as autoridades costeiras. Fontes de segurança turcas relataram que pelo menos um migrante sírio e uma criança foram mortas na fronteira terrestre entre domingo e segunda-feira. Erdogan, que pediu à Europa que “tome a sua parte do fardo” que é o acolhimento de migrantes e adiantou que se esperam nas próximas horas a chegada de mais 25 a 30 mil migrantes à Grécia.

A chegada destes refugiados ao país grego dá luz a um grave problema de sobrelotação dos campos de refugiados nas cinco ilhas mais perto da Turquia, com tendas a estender-se além dos campos que não têm já condições mínimas: as pessoas dormem entre ratos e escorpiões, a água que têm sai de perto de montanhas de lixo não recolhido, e há crianças a desenvolver problemas psicológicos de tal modo que deixam de andar, comer ou mesmo ir à casa de banho, relata a CNN.

Esta terça-feira ,o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, o presidente do Parlamento Europeu, David Sassolides e a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen deslocaram-se à Grécia para demonstrar o “total apoio” da UE às autoridades gregas na resposta à pressão migratória de refugiados oriundos da Turquia. “A nossa prioridade é dar à Grécia e à Bulgária todo o apoio de que necessitam para enfrentar a situação no terreno. O desafio que a Grécia está a enfrentar agora é um desafio europeu”, referiu von der Leyen.

Face ao fluxo migratório registado no domingo, o primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis anunciou que a Grécia deixaria de receber novos pedidos de asilo durante um mês. A agência de refugiados da ONU contestou, esta segunda-feira,  dizendo que o país não tem o direito de fazê-lo sob as leis internacionais ou da União Europeia.

Refugiados sírios acusam Turquia de os “empurrar” para a Grécia

Um grupo de refugiados sírios acusou esta terça-feira o Exército turco de os ter “transferido” para a Grécia, abandonando-os nas margens do rio Evros que separa os dois países.

Eles deixaram-nos abandonados nas margens do rio dizendo: ‘vão-se embora’. Deixaram-nos sozinhos. Foi o Exército turco”, disse à agência France-Presse um dos refugiados que se encontrava refugiado em Istambul há mais de cinco anos. O refugiado sírio, que foi identificado como Taisir, de 23 anos e natural de Damasco, foi encontrado na povoação de grega de Lavara, perto da fronteira com a Turquia.

“Ontem [segunda-feira], eles (turcos) tiraram-nos das casas onde estávamos, tiraram-nos o dinheiro que tínhamos e os nossos telefones”, disse Taisir, explicando que foram depois levados para o rio Evros.
O sírio entrevistado pela AFP faz parte de um grupo de dez refugiados da Síria, incluindo dois recém-nascidos, que foram interpelados pela polícia grega.

A France-Presse refere que é impossível verificar de momento a versão deste grupo sírio encontrado na Grécia mas sublinha que os relatos são semelhantes a outros ocorridos na mesma zona depois de Ancara ter anunciado que não vai impedir a passagem dos refugiados para o espaço da União Europeia.

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