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Sem apertos de mão, OPEP+ tenta fechar acordo para reduzir impacto do vírus no crude

A OPEP e outros 10 países produtores iniciam uma reunião de dois dias numa altura em que os preços do petróleo já caíram mais de 20% este ano devido ao coronavírus. Um desses aliados, a Rússia, terá de ser persuadida a fazer um corte adicional de 600 mil barris por dia na produção, até final de junho, para tentar estancar a descida das cotações.
5 Março 2020, 08h10

“Evitem apertos de mão e abraços”. A mensagem lê-se num painel (fotografado pela Reuters) à entrada da sede da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), em Viena. Já não é, em tempos de coronavírus, uma raridade, mas tem algo de irónico. O cartel que produz mais de 40% do crude que o mundo consome já não irá a tempo de evitar que o surto infecte os preços, mas quer estancar a queda.

O surto do Covid-19 na China, maior consumidor do mundo, já tinha levado a quedas nos preços em janeiro dada a menor atividade industrial e de transportes. A propagação para outros continentes nas últimas semanas veio piorar as previsões sobre o impacto na procura e o preço do barril de Brent e o de Crude WTI já perderam ambos mais de 20%, para 51,13 dólares e 47,26 dólares, respetivamente.

Quando os 13 representantes dos membros da OPEP iniciarem esta quinta-feira uma reunião de dois dias com os aliados que perfazem a OPEP+, a Rússia e outros nove países, a questão principal será mesmo de tentar concordar sobre as medidas a tomar para evitar mais quedas nos preços.

O grupo alargado acordou, em dezembro, cortar a produção em mais 500 mil barris por dia até ao final do primeiro trimestre de 2020, levando a um corte acumulado de outras reuniões para 1,7 milhões barris por dia, número que subiu para 2,1 milhões com cortes voluntários da Arábia Saudita e outros países.

A 6 de fevereiro, já com o surto do coronavírus a pressionar os preços, a joint technical committee (JTC) da OPEP recomendou à organização um aprofundar dos cortes em 600 mil barris por dia e uma extensão do plano até ao final do segundo trimestre. Nessa altura até foi ponderada a antecipação da reunião dos ministros, mas a Rússia impediu e remeteu-se ao silêncio sobre as recomendações da JTC.

“Como já vimos no passado, é a Rússia que precisa de ser persuadida sobre cortes na produção, e desta vez não será diferente”, explicou Warren Patterson, head of commodities strategy do ING.

“No entanto, a pressão renovada sobre os preços deverá ser suficiente para sinalizar à OPEP+ que precisa de agir na reunião”, explicou, adiantando que várias notícias dão a Arábia Saudita com estando a apoiar corte de 1 milhão de barris por dia. Essa ideia poderá ganhar força devido à incerteza sobre quando a produção da Líbia, que tem estado diminuida devido ao conflito interno no país, irá voltar ao normal.

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