“Nyet”, disseram os russos à proposta que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) pôs em cima da mesa para reduzir a produção de crude para 1,5 milhões de barris por dia até ao final do ano, na última reunião do cartel petrolífero, no final da semana passada. O objetivo consistia em suportar os preços do petróleo, que têm vindo a cair desde o início do surto do novo coronavírus, que afetou a procura pelo ‘ouro negro’. Desde então, a China, que é o maior importador de petróleo do mundo, via a sua procura por crude cair cerca de 20%.
Em face do veto russo, a Arábia Saudira, a líder de facto da OPEP, contra-atacou. Anunciou não apenas um corte dos preços em todos os tipos de crude entre seis e oito dólares por barril, mas também o aumento da produção de dez milhões de barris por dia, a partir de abril. Foi nesta reação em cadeia que estalou a guerra de preços de petróleo, afetando diversas classes de ativos, nomeadamente as ações.
Os títulos dos bancos não escaparam ao sentimento negativo que está a arrasar o mercado no mundo inteiro. Na Austrália, o índice ASX perdeu mais de 6%, a maior queda desde a crise financeira, evaporando-se 130 mil milhões de dólares do índice. As perdas fizeram-se sentir nos quatro maiores bancos australianos, que perderam mais de 5%.
Nesta tempestade encontra-se o único banco português cotado em bolsa. As ações do Millennium bcp estão a negociar a 0,12 euros, depois de caírem hoje mais de 13% – desde o início do ano, a desvalorização dos títulos aproxima-se dos 37%. Todavia, a tendência também se verifica na Europa. O EuroStoxx 600 Banks, o índice de referência do setor da banca na Europa, está a cair cerca de 10% e, desde o início do ano, acumula perdas de 28%. Os maiores bancos europeus, como o HSBC, o BNP Paribas, o Crédit Agricole, o Deutsche Bank, Banco Santander ou o Barclays estão todos em território negativo, com perdas entre os 3,87% e os 12,19%.
Do outro lado do Atlântico, o Dow Jones US Banks Index, o índice da banca norte-americana, segue na mesma direção, desvalorizando 8,87%. Entre os três bancos com maior peso no índice encontram-se o JPMorgan Chase, que desvaloriza 11%, o Bank of America, que afunda 11,69% e o Wells Fargo, que perde 8,79%.
Incerteza é o pior inimigo
As desvalorizações dos títulos da banca são causadas, acima de tudo, por fatores que lhe são externos. Ainda é prematuro antecipar os impactos que o Covid-19 poderá ter na economia, numa altura em que o vírus já chegou aos quatro cantos do mundo. Neste contexto, diversas agências de rating já reviram em baixa as suas perspectivas. A nível mundial, a Moody’s abordou um cenário potencial de recessão a nível ainda no primeiro trimestre deste ano, enquanto a Standard & Poor’s reviu em baixa as estimativas para o crescimento económico da zona euro, em 50 pontos base, para 0,5%.
Na semana passada, a Reserva Federal norte-americana e o Banco do Canadá cortaram as taxas de juro enquanto compensação do potencial impacto económico do coronavírus. Falta esperar pela atuação do Conselho dos Governadores do Banco Central Europeu, que reúne esta quinta-feira, sendo que o mercado antecipa mais cortes na taxa de juro diretora.
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