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Alerta vermelho em Wall Street

Entrar em território dos Ursos significa uma queda de 20%, mas também antecipa uma forte probabilidade, cerca de 50%, de uma contracção económica no curto-médio prazo.
Reuters
9 Março 2020, 16h34

Foi uma tempestade perfeita aquela que se abateu sobre o Wall Street no final de domingo, quando foi claro que haveria uma forte possibilidade de uma guerra de preços no petróleo, depois da Rússia não ter aceite o acordo com a OPEP para uma redução da produção, e da Arábia Saudita ter respondido com a intenção de aumentar a produção, criando uma guerra aberta com um dos principais produtores de energia do mundo. Para além disso as notícias que saíram de Itália, relativas ao coronavírus, nomeadamente da quarentena de cerca de 16 milhões de habitantes, exacerbaram os receios de que os efeitos económicos e o alastramento do vírus possam estar numa fase de grande perigosidade.

O resultado da soma destes factos foram quedas nos futuros do S&P500 na ordem de 5%, valor que piorou hoje na abertura quando os índices atingiram perdas na ordem dos 7%, o que obrigou a uma suspensão das negociações. Na reabertura Wall Street seguiu com um deslize de 5%, acompanhada por uma forte desvalorização de 20% no preço do crude. Qual será o futuro de curto prazo do sector energético é a pergunta do dia, até porque nos Estados Unidos o sector está muito exposto aos preços, nomeadamente os seus financiadores, visto que 11% de toda a dívida de grau “lixo” nos EUA foi emitido por energéticas, ou seja uma queda acentuada do preço poderá resultar em falências e defaults, levando consigo uma grande parte do optimismo que reinava no mercado.

Em relação ao resto dos sectores estão todos com quedas significativas, mesmo os de refúgio como as retalhistas de produtos essenciais, que no entanto são as menos fustigadas pelas vendas ao cederem 2%, mas de resto temos as financeiras com 8% de desvalorização, cerca de metade das energéticas que é o pior sector. Nesta fase já existe um receio adicional, a questão do mercado poder entrar em Bear Market num curtíssimo espaço de tempo, diria mesmo em tempo recorde depois de tal ter acontecido com a passagem ao nível de correcção. Entrar em território dos Ursos significa uma queda de 20%, mas também antecipa uma forte probabilidade, cerca de 50%, de uma contracção económica no curto-médio prazo.

Por tudo é importante avaliar como o dia vai fechar, sendo certo que a volatilidade e a cautela serão o mote do dia.

O gráfico de hoje é do Galp, o time-frame é Diário

O gráfico da petrolífera nacional demonstra bem a violência do impacto da queda no preço do crude, não havendo para já zonas de suporte evidentes, mas será importante monitorizar o tempo que o preço vai demorar a fechar o GAP aberto hoje, isso irá dar uma noção da força/fraqueza relativa.

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