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Covid-19: Agentes funerários continuam à espera de indicações da DGS

Pedido de recomendações já foi feito na semana passada, mas a DGS ainda não tem resposta para as casas mortuárias. Servilusa já pôs em prática medidas de segurança apertadas para os seus funcionários.
11 Março 2020, 08h00

“A nossa associação teve o cuidado de enviar um pedido de informação à Direção-Geral da Saúde (DGS) para saber quais os procedimentos no caso de um óbito do Covid-19”, revelou ao Jornal Económico o presidente da Associação dos Agente Funerários de Portugal, Vítor Cristão. O pedido foi enviado a 5 de março e até ao momento a associação continua à espera, assim como todas as agências funerárias nacionais.

A DGS está “a elaborar uma orientação, que inclui as recomendações dirigidas às casas mortuárias no transporte e acondicionamento do cadáver, bem como recomendações aos respetivos trabalhadores”, garantiu a entidade pública ao Jornal Económico, num comunicado que não estipula qualquer data para a divulgação da informação. “Será divulgada atempadamente”, limita-se a informar.

Enquanto as recomendações não chegam, as agências funerárias tentam agir segundo as diretrizes que são conhecidas. “Divulgámos as recomendações por todos os nossos 100 locais de trabalho do país com as medidas da DGS, que têm a ver com o distanciamento social, com as medidas de segurança, por exemplo de lavar as mãos. Entregámos um kit a cada funcionário que contém máscaras, luvas e gel desinfetante”, explica Paulo Carreira, diretor-geral da Servilusa.

“A empresa tem 320 pessoas e estão organizadas ao longo do país em pequenas concentrações de 50 ou mais pessoas. O que fizemos foi dispersar essas pessoas pelas diversas funerárias que temos em cada área geográfica”, acrescenta.

Ainda não são conhecidos casos mortais, mas a Servilusa considera-se minimamente preparada para a situação. “Fizemos uma adaptação à nossa gestão de cadáveres em situações de pandemia e epidemia. Consideramos isto uma doença infectocontagiosa e com medidas de atuação alargadas”, conta Paulo Carreira.

“O corpo não é manuseado diretamente por nós. Estamos lá para levar a urna, levamos dois body bags. O corpo é colocado no primeiro body bag, é fechado e selado. Colocamos um litro de produto desinfetante dentro deste body bag e só depois fechamos o segundo saco. Por fim, é fechada a urna e é colocada uma fita isolante, que permite uma maior segurança”, descreve o diretor-geral da Servilusa.

Ainda assim, os funcionários que recolherem os corpos terão de ter medidas de segurança apertadas. “O fato é completo, descartável e impermeável, com capuz incorporado, a touca também é impermeável, do tipo nível FC3, e têm de ser substituídas ao fim de uma hora de utilização. As luvas são descartáveis, utilizamos duas: uma normal e outra de nitrilo. Também serão usados óculos de proteção, um cobre-calçado e todos os meios para desinfetar o nosso material”, garante Paulo Carreira.

A cremação e a ausência de velório são possibilidades a explorar no futuro, estando já a ser postas em prática em países como Itália. Recorde-se que em Espanha foram infectadas 60 pessoas com o coronavírus durante uma cerimonia fúnebre.

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